22 de julho de 2009

Som e Fúria


O horário é meio ingrato para nós, peões - hoje por exemplo, começa 11h50, depois do jogo. Mas assistir "Som e Fúria" na Globo tá valendo muito a pena. Um bálsamo na telinha ante tanto angú de caroço que povoa a inócua programação da tv brasileira. O elenco vem inteiro bom: Felipe Camargo parece que espantou seus fantasmas e encarna com perfeição o diretor doidão; Andréa Beltrão tá um colírio - essa eu sou suspeito desde seus tempos de Zelda Scott no "Armação Ilimitada"; O Dan Stulbach, magistral como sempre; Pedro Paulo Rangel como "fantasma", hilário; a secretária faz-tudo Cecília Homem de Melo então, está sendo pra mim uma das melhores surpresas - eu desconhecia seu trabalho. Os jovens Maria Flor e Daniel Oliveira esbanjam frescor; Regina Casé, Paulo Betti, Rodrigo Santoro, Daniel Dantas, Débora Falabella, Leonardo Miggiorin - parece que a Globo liberou seus melhores, para deleite do melhor diretor brasileiro da atualidade, o internacional Fernando Meirelles. Ele não desaponta e comprova que não há limite para suas estrepolias cênicas e ângulos inusitados, mesmo que em alguns momentos, a linguagem televisiva dome sua fúria de cineasta. O roteiro, adaptado do original canadense por ele mesmo, é sutil, sarcástico e imerso em humor inteligente, coisa que há muito tempo não se vê em uma minissérie global. Ponto pra Globo, que de milênios em milênios, sai de seu pedestal platinado e dá uma arriscadinha em outras linguagens -e vejam só, também cabem na tv intuição, emoção e instinto; e essa pulsão aliada à técnica, pode muito bem transfigurar-se numa obra-prima.

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