25 de fevereiro de 2010

George Harrison, aniversariante do dia

George Harrison, falecido em 2001, faria 67 anos hoje. O mais tímido dos Fab Four deixou um legado inquestionável de canções atemporais, incluindo clássicos eternos nos Beatles, e embora tenha feito uma carreira solo discreta perto de seus ex-companheiros John e Paul, construiu-a com muito cuidado e solidez. Não faltaram shows humanitários (onde foi pioneiro com o concerto para Bangladesh), sucessos duradouros ( My Sweet Lord, Give me Love, Love Comes to Everyone...) e participações especiais de amigos como Bob Dylan, Eric Clapton, Ringo Starr, Peter Frampton, Billy Preston, Jeff Lynne, entre tantos.
Como homenagem ao grande guitarrista, selecionei dois momentos que eu considero memoráveis: a surpreendente performance de estúdio em Dark Horse (1974) e a sua participação emocionante no supergrupo Travelling Willburys (1988), ao lado de Tom Petty, Jeff Lynne, Bob Dylan e Roy Orbison.

Mais GH no blog irmão Consciarte: http://consciarte.wordpress.com/

24 de fevereiro de 2010

O adeus do Cordel do Fogo Encantado


Tanta banda atual deplorável poderia findar, implodir ou pedir arrego, e eis que uma das mais interessantes formações do cenário tupiniquim estanca sua trajetória de repente.
O Cordel do Fogo Encantado, com 11 anos de estrada, cravou seu fim hoje, através de nota do empresário/produtor decretando que "a decisão implica na "suspensão das apresentações ao vivo, como também da gravação em estúdio de material inédito". O encerramento das atividades se deu após comunicado do líder e fundador Lirinha: "Revelo, por respeito aos que me acompanham, a minha vital necessidade de trilhar novos caminhos. Ajudei a desenvolver um dos espetáculos mais originais da cultura pop do país e é com esse sentimento de orgulho que sigo em frente".
O Cordel surgiu de um espetáculo poético idealizado pelo próprio Lirinha (José Paes de Lira) na cidade de Arcoverde ( interior pernambucano), que durou três anos e desencadeou a formação musical de mesmo nome. Com dois músicos recifenses se unindo à trupe, seguiu-se uma carreira de três discos, um DVD e shows pelo Brasil todo. A proposta inusitada do grupo, que inclui teatro, letras carregadas de lirismo do vocalista, resgate das tradições orais e escritas da história nordestina - Patativa do Assaré é referência constante, o violão inspirado de Clayton Barros, a força de Rafa Almeida e Nego Henrique nos tambores e o espírito rocker de Emerson Calado, logo chamou a atenção, tanto do circuito MPB como da ala mais roqueira.
Apesar do fim anunciado, a banda promete lançar ainda este ano, CD e DVD com o registro do último show em Recife, além de material inédito de arquivo.
Fica a torcida para que todos os integrantes continuem com esse espírito de cordel, fogo e encantamento em seus projetos futuros.

23 de fevereiro de 2010

Baú do Seu João 3 - Álbum de figurinhas Ídolos da Tela - Editora Vecchi - out/nov/dez 1958


Desci até as catacumbas mágicas do meu pai mais uma vez e encontrei entre pergaminhos e hieroglifos talhados na pedra, este maravilhoso álbum de figurinhas Ídolos da Tela. Nos anos 50, o rádio ainda imperava com força, pois a televisão ainda engatinhava e tropeçava na inexperiência de sua primeira infância. Se o rádio era o rei do lar, as salas de cinema ainda eram a grande atração do fim de semana dos enamorados. Ao lado de revistas como Cinemin, Cinelândia e Cine-Fan, algumas editoras como Vecchi e Agência Portuguesa de Revistas editavam álbuns de cromos com (quase) todos os atores e atrizes atuantes no ano referente. Como as figurinhas eram dispostas aleatoriamente, sem ordem alfabética ou divisão por nacionalidade, as páginas desses álbuns eram bem "democráticas", incluindo numa mesma sequência, atores consagrados e estreantes, homens e mulheres, brasileiros, americanos e italianos. A página selecionada acima dá uma boa noção desta miscelânea divertida de artistas: na primeira fileira temos Paulo Autran, Joan Crawford e Colé; na terceira fileira vemos a bela Brigitte Bardot ao lado de Milton Ribeiro ( novíssimo!), além do feio Wilson Grey na ponta; na última fila, Peter Baldwin ( é o pai dos irmãos Baldwin?) ao lado da elétrica Consuelo Leandro; além do "canastra" Victor Mature na segunda ala e sete artistas que eu não conheço ( Seu João com certeza se lembra de todos). D+!!!!!

Edição Super e Milionária

Um colecionador anônimo adquiriu através do site de leilão ComicsConnect.com, a edição nº1 de Action Comics, de junho de 1938, pela "bagatela" de US$ 1 milhão! A revista, cujo preço de capa na época era de US$ 0,10, é famosa e valiosa por publicar pela primeira vez, uma aventura do lendário Super-Homem, o primeiro personagem "super" dos quadrinhos. Existem poucas revistas destas no mundo - a mais cara vendida anteriormente, bem menos conservada que esta última, atingiu o preço de US$ 317 mil. A revista milionária tem pedigree e saiu na verdade de uma das mais famosas e antigas coleções de quadrinhos dos EUA, a Kansas City, o que confere a ela prestígio e valor. Segundo o Comic Book Pedigree, um gibi para ter pedigree precisa ter entre outros critérios, alta qualidade de conservação, ter sido comprada por um único indivíduo desde a sua publicação e vir de uma coleção com grande volume de edições raras, seja por gênero ou títulos importantes. A referida edição passou com nota 8 na classificação da CGC (Certified Collectibles Group - Comics Guaranty), o que demonstra uma conservação quase impecável. O tal colecionador pra manter esta qualidade vai precisar desembolsar mais uma boa grana com ambientação e cuidados constantes, mais ou menos como aqueles mecenas que cuidam de suas coleções de carros fora-de-série ou adegas seculares.

19 de fevereiro de 2010

Baú do Malu 19 - Noel Rosa, uma Biografia (1990)

E pra fechar o assunto, eis o meu exemplar da biografia de Noel Rosa, que está embargada pela justiça. Guardada com orgulho, com durex na capa, riscos e rasgos, pois afinal, emprestei muito este livro durante estes 20 anos. Comprei assim que saiu nas livrarias, e paguei na época um preço salgado. Valeu a pena. Pra mim, é uma das biografias mais completas feitas até hoje.

Precisamos de Noel ( e Adoniran, Cartola, Silas, Nelson Cavaquinho...) nas escolas, nas esquinas e nas livrarias

Aproveitando o gancho do Noel, deixo também o meu desabafo. Li no Estadão ( aliás, ótima matéria do Lucas Nobile, na segunda-feira, que meu deu subsídios para este e também o post anterior), que o livro Noel Rosa - Uma Biografia, de João Máximo e Carlos Didier, está embargado! é isso mesmo: embargado, impedido, paralisado; o que nos faz relembrar, e não tem como não relembrar, o caso da biografia do Roberto Carlos.
A biografia de Noel, que eu comprei assim que saiu, é uma das obras mais completas e detalhistas sobre a vida de um músico brasileiro e embora passe longe do sensacionalismo, incomodou as herdeiras do legado do compositor carioca, filhas do seu irmão Hélio Rosa. Resultado: a obra ficou em catálogo até 1994 e por culpa deste embrólio, nunca mais foi reeditada, tornando-se artigo de colecionador - alguns exemplares à venda na internet chegam a R$400,00.
A biografia, de 534 páginas, resgatou momentos obscuros e mal explicados na carreira do Poeta da Vila, e tanto fez emergir composições até então perdidas, como trouxe à tona episódios polêmicos de sua vida - daí certamente a intervenção da família. Pra piorar a situação, os autores Didier e Máximo não se falam desde 1997, o que dificulta ainda mais uma negociação amigável ( na matéria ao menos, parece que há uma chance de reaproximação de ambas as partes).
A lei a respeito das biografias precisa ser revista no Brasil, pois enquanto autores, herdeiros e advogados digladiam-se nos tribunais, fãs, alunos, historiadores, pesquisadores, jornalistas e amantes da história cultural brasileira são impedidos de ter acesso à tão rica e profunda informação. Noel, Cartola, Adoniran ( que tem pelo menos sua ótima biografia feita pelo Celso de Campos Jr, reeditada em 2010), Nelson Cavaquinho, Silas de Oliveira, Geraldo Filme e tantos outros deveriam na verdade entrar no currículo das escolas primárias e secundárias e seus livros e biografias, livres de ameaças e tribunais. Eles e suas obras são maiores do que qualquer desavença terrena.

Carnaval 2010: patrocínios mil, memória zero


(Noel Rosa e Adoniran Barbosa -reproduções)

O Carnaval, e não é de agora, cada vez mais surge como um espetáculo portentoso, megalômano, calculista e comandado pela mídia e patrocinadores. Exemplo: a Rosas de Ouro trocou o nome do seu samba-enredo "Cacau é show", além de partes da letra, porque a Rede Globo se sentiu incomodada. O patrocinador e a escola tiveram que se contentar com "Cacau chegou" até o momento do último voto da apuração, que sagrou a Rosas campeã e permitiu o desabafo em rede nacional da presidente da agremiação carnavalesca: "...Agora podemos dizer que o cacau é show. A Rosas de Ouro acredita em parceiros".
E enquanto patrocinadores, emissoras e dirigentes discutem o que realmente importa para o carnaval de hoje, heróis do samba popular e carnavalesco como Noel, Adoniran e Cartola são esquecidos e banidos dos atuais enredos manipulados. Exemplos não faltam: já em 1982, a Colorado do Brás homenageou o grande Adoniran Barbosa ( sem saber que seria seu último carnaval em vida) mas no momento do desfile o homeageado quase foi impedido de desfilar por não estar fantasiado. Outra: em 2008, a Mangueira preferiu saudar na avenida o frevo, ao invés de comemorar com enredo os 100 anos de seu próprio fundador, Cartola. E o carnaval de São Paulo neste ano se superou: nenhuma escola paulistana fez questão de homenagear os 100 anos de Adoniran. Triste e lamentável. Mesmo a louvável homenagem à Noel Rosa no desfile da sua Vila Isabel neste ano, não partiu da escola, como é de se supor. A intenção inicial da agremiação na verdade era ter o próprio Martinho da Vila como tema, que com sua finesse habitual, declinou do convite, antes de propor uma efeméride mais adequada para o momento: os 100 anos de Noel Rosa. A escola aceitou a sugestão e o enredo, composto pelo próprio Martinho, levantou o Sambódromo e fez jus ao maior compositor da vila. Por pouco, Noel não foi para o banco de reservas, fazer companhia à Adoniran.
Esse é o carnaval oficial em 2010: se por um lado, ainda traz fagulhas de criatividade, como a aclamada comissão de frente da campeã Unidos da Tijuca, mancha sua própria história com descaso total aos pioneiros e desmemória crônica.

17 de fevereiro de 2010

Três anos com a Mundo dos Super Heróis

A Mundo dos Super Heróis, sob a batuta do editor Manoel de Souza, já é referência para artistas, especialistas, colecionadores e fãs dos quadrinhos. A edição atual (nº20) comemora os três anos de existência da premiada revista, e basta dar uma passada pelas suas 100 páginas para perceber que a amplitude das matérias, a diversidade das pautas e a busca incessante pela qualidade e informação continuam lá, do mesmo jeito que estavam na longínqua número 1. A matéria de capa com o segundo dossiê dos X-Men veio à tona graças aos incessantes pedidos dos leitores, pois como esclarece o próprio Manoel em seu editorial, "...os pedidos dos leitores, o que sempre norteia a pauta da Mundo, começaram a aumentar. Bem, se os leitores querem, nós fazemos". E assim foi feito: 24 páginas destrinchando a saga dos mutantes entre 1988 e 2000!
A Mundo é assim: elaborada por profissionais apaixonados pelos quadrinhos, e também por animação, games, cinema, toys e super heróis em geral. E feita também pelos seus ávidos leitores, que vivem discutindo pautas nos fóruns e salas espalhados pela internet, além é claro, das comunidades sobre a revista no Orkut.
Na edição do mês destacam-se também as fichas do histórico herói Gavião Negro (DC) e do singular cavaleiro espacial Rom (Marvel), a entrevista com o mais novo brasileiro de sucesso nos States, Will Conrad, toda a mitologia do estimado Fantasma ( na Seção De A a Z), o perfil do magistral artista Joe Kubert e uma matéria-homenagem ao precursor dos mangás no Brasil, o editor Minami Keizi, falecido recentemente. Esta última, aliás, foi pra mim uma das mais emocionantes reportagens da Mundo em homenagem a um mestre dos quadrinhos nacionais.
Como eu mencionei em uma carta publicada em uma das primeiras edições da revista, a minha estante já tem um espaço reservado para muitas e muitas edições da Mundo dos Super Heróis. Basta apenas que Manoel de Souza e equipe continue a nos brindar com esse coquetel bem balanceado de informação, pesquisa e claro, superação, coisa que todo bom super-herói guarda pra si.

Baú do Malu 18 - Original de Jerry Robinson (1999)

Em 1999, Jerry Robinson, em visita à Abril, na época casa editorial de toda a linha de heróis da Marvel e DC no Brasil, fez este desenho de Batman especialmente para a editora responsável na Abril Press, agência internacional da empresa. Como eu sempre tive a fama de colecionador e "guardador" de relíquias culturais e editoriais, fui agraciado algum tempo depois com este singular desenho original à caneta de um dos mais importantes artistas dos quadrinhos mundiais. Mr.Robinson é simplesmente o co-criador do Curinga e do Robin e um dos autores que solidificaram conceitos do universo do homem-morcego usados até hoje. E não foi só: além de assistente de Bob Kane(criador de Batman) e artista principal do personagem por anos, produziu para muitos gêneros, como policial, guerra, terror e cartuns políticos ( Life With Robinson) até se tornar nos últimos tempos, representante de centenas de criadores e distribuidor de tiras e cartuns para o mundo todo.
Jerry Robinson continua ativo, aos 88 anos, lutando como sempre, pela dignidade e direitos dos artistas dos quadrinhos e cartuns.

Baiano e os Novos Caetanos:humoristas tropicalistas e um baita som! (homenagem à Arnaud Rodrigues)


Arnaud Rodrigues faleceu ontem em um naufrágio no Tocantins, aos 67 anos de idade. Muitos só o conhecem como humorista da Praça é Nossa no SBT, onde se apresentava desde os anos 80. Mas Arnaud tem uma longa folha corrida no humor, como roteirista, ator, além de músico e compositor atuante. Nos anos 70, ao lado de Chico Anysio, compôs diversas músicas relacionadas aos programas humorísticos de seu parceiro, chegando ao sucesso em 1974, com "Baiano e os Novos Caetanos", uma sátira ao tropicalismo - o grupo, na verdade um trio, além dos personagens Baiano (Chico Anysio) e Paulinho Boca de Profeta ( Arnaud), tinha também a participação do onipresente instrumentista Renato Piau, no papel dele mesmo (além, é claro, de outros grandes músicos em disco). As músicas Vô Batê pa Tu (alusão aos delatores da ditadura), Ciranda e Folia de Reis tocaram muito na época, propiciando um segundo disco, "Baiano e os Novos Caetanos 2". Em 1976, Arnaud lançou o disco "As Músicas de Paulinho", pela RCA Victor, ainda na cola do personagem, mas sem a chancela da Globo. Nos anos 80, houve um retorno de Baiano e Novos Caetanos em disco, com o LP "A Volta" (1982) e "Sudamerica" (1985), mas sem o sucesso esperado. Arnaud seguiu lançando discos solos, talvez menos do que almejava, enquanto sua carreira de humorista deslanchava nos anos 80 com o personagem Soró em novela da Globo e posteriormente com diversos personagens na Praça é Nossa.
Fiquem com raridades extraídas do primeiro disco do grupo, imagens nos programas e solos de Arnaud:
http://www.youtube.com/watch?v=-r6g3wD3ce0
http://www.youtube.com/watch?v=-5mO_vc8TGc
http://www.youtube.com/watch?v=83XUt_qOdII
http://www.youtube.com/watch?v=81WW7UNcbLk
http://www.youtube.com/watch?v=29kX3lnX-Dg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=aQOfaz2L8X8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=H6_1cIFMfPs&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=yjffssQTl28&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=p91zSr3MYCc
http://www.youtube.com/watch?v=dimXIOVK92E

10 de fevereiro de 2010

Duane Allman/Tommy Bolin/Randy Rhoads:grandes guitarristas de vida curta

Randy Rhoads
Tommy Bolin
Duane Allman
Escolhi esses três nomes por conta de várias coincidências em suas curtas trajetórias: todos são americanos, guitarristas, frequentam sempre a lista dos melhores de todos os tempos e morreram de forma trágica, com a mesma idade. Duane Allman (20/11/1946- 29/10/1971), era especialista em slide guitar - o seu estilo de tocar incluía vidros vazios de remédios (mais detalhes aqui: http://poeirablog.wordpress.com/2009/06/25/o-slide-preferido-de-duane-allman/) - e um cara de bem com a vida, que adorava música, motos e estrada. Tocou e gravou com muita gente, incluindo Eric Clapton ( a introdução de 7 notas de Layla foi feita por Duane) e sessões de estúdio com cobras do jazz, blues e rock. Quando morreu em 71, estava no auge, em sintonia com Clapton e estraçalhando com seu irmão Greg e amigos de infância na mítica The Allman Brothers Band, cujo álbum At Fillmore East, do mesmo ano, é considerado um dos melhores discos ao vivo da história. Poucas semanas antes de completar 25 anos, bateu em alta velocidade com sua moto chopper em um caminhão desgovernado. Duane Allman foi considerado pela Rolling Stone em 2003 o segundo melhor guitarrista de todos os tempos (atrás de Jimi Hendrix). Já Tommy Bolin (01/08/1951 - 04/12/1976), foi um guitarrista versátil, de estilo jazzy, que participou de dezenas de bandas de rock entre os anos 60 e o início dos 70, até chamar a atenção pela sua participação no disco de 1973 do baterista Billy Cobham, Spectrum. Ainda em 1973, entra para o James Gang, onde permanece por um ano. Em 1975 lança seu primeiro solo, Teaser e logo em seguida substitui com grandes expectativas Richie Blackmore no Deep Purple. Embora tenha se saído bem em estúdio no álbum Come Taste The Band, sua avançada dependência em drogas pesadas prejudicou a performance da banda em turnê, que já abalada por outros fatores, se desfez em 1976, depois de show em Liverpool onde Bolin sofreu uma overdose. Pouco depois de gravar o afamado segundo disco solo, Private Eyes, Tommy Bolin morreu de overdose na manhã do dia 04/12/1976, depois de horas em agonia na madrugada , sem sequer ser socorrido pelos seus “amigos” junkies, que não queriam problemas com a polícia.
Nosso terceiro guitarrista, Randy Rhoads (06/12/1956-18/03/1982) nasceu em uma família musical e com 15 anos já era um requisitado professor de guitarra na escola de sua mãe. Com 16, entrou para o Quiet Riot e logo arregimentou fãs do seu estilo agressivo e ao mesmo tempo harmônico e personalíssimo. Depois de dois álbuns com o Quiet, Randy decidiu participar de um teste para a banda de Ozzy Osbourne, que iniciava sua carreira solo. Ozzy escutou centenas de guitarristas e já no limite de sua paciência, sem encontrar um instrumentista de estilo próprio, resolveu ouvir o último músico:bastou Randy ligar sua aparelhagem e dedilhar algo, para Mister Osbourne contratá-lo no ato. O jovem guitarrista gravou os discos Blizzard of Ozz de 1980 e Diary of a Madman de 1981, que muito pela sua presença, são considerados os melhores da carreira de Ozzy. Em 19/03 do ano seguinte, em plena turnê rumo à Orlando, Randy Rhoads aceitou dar umas voltas de avião com o ex-piloto que hospedava a banda; após acrobacias desnecessárias e rasantes perigosos, o pequeno avião raspou uma das asas no ônibus estacionado da banda e explodiu ao chocar-se com uma garagem. Randy Rhoads, 25 anos, morria tragicamente e no auge.
Três acidentes estúpidos (existe acidente que não é estúpido?) limaram a vida desses três magníficos guitarristas, que certamente tinham muito o que mostrar ainda na carreira. É realmente de tirar o chapéu o que eles fizeram para a história do rock em tão pouco tempo.
Deixo-lhes com os três, em imagens que dizem tudo:
Randy Rhoads: http://www.youtube.com/watch?v=LhgIuPcRIAE&feature=related
Tommy Bolin: http://www.youtube.com/watch?v=BjjoKCWIXiA&feature=related
Duane Allman: http://www.youtube.com/watch?v=uACfGFxS4oM&feature=related
e http://www.youtube.com/watch?v=pV8RoNePzfI&feature=related

5 de fevereiro de 2010

Porque vale a pena ouvir Oswaldo Montenegro

Chega a ser irônico. Oswaldo Montenegro é compositor múltiplo, de um leque considerável de ritmos; instrumentista estudado, mas que mantém a intuição; letrista dos bons, homem que revolucionou os musicais no teatro, poeta sensível, diretor musical, especialista em trilhas sonoras, apresentador e pesquisador, entre otras cosas mas. Menestrel, portanto, é um nome que lhe cai bem. E porque então a crítica especializada lhe vira as costas? porque os livros de MPB não lhe colocam no devido lugar de importância? porque a pecha equivocada de chato o persegue?
Muitos conhecem Oswaldo através dos festivais dos anos 80 e só, embora ele seja um bom vendedor de discos. Portanto, lembram-se dele pela emocionante Bandolins ( Festival da TV Tupi - 1979 - 3º lugar), Agonia ( 1º lugar no MPB-80 da TV Globo) e Condor ( finalista do Festival dos Festivais da Globo em 1985). Eu, que conheço sua obra a fundo, considero relevante entre essas três, só Bandolins, uma doce e perfeita canção feita sob medida para o ótimo entrosamento vocal entre o compositor e seu colega brasiliense Zé Alexandre. Agonia, composição do seu colega de infância Mongol é interessante, mas na minha opinião, cansativa e eu não torci pra ela naquele festival. Condor não está entre as melhores composições dele, embora seja bem otimista - ao meu ver, sua estrutura caberia mais como jingle.
Quem conhece Oswaldo Montenegro na grande mídia, portanto, não tem a verdadeira dimensão da sua extensa carreira além dos festivais, permeada por musicais premiados no teatro, descobertas importantes de talentos ( como Zélia Duncan, Cássia Eller, o saxofonista Milton Guedes e a atriz Teresa Seiblitz) , lançamentos independentes antológicos e trilhas sonoras constantes.
Quem o tem por "cantor de festival" ( talvez por conta de Agonia), ou compositor de algumas novelas globais, talvez mude de opinião se ouvir com um pouco mais de atenção suas composições intrincadas e sua poesia forte, vindas, principalmente de suas produções teatrais independentes. Não estou menosprezando esse seu lado que aparece mais, de maneira nenhuma - inclusive porque sua produção mantém uma qualidade excepcional em todas as fases.
Oswaldo Montenegro, que tem se destacado na programação do Canal Brasil com seus programas que investigam a essência da música nacional e sempre conta com um público fiel em seus shows, merece mais destaque nas tais cronologias musicais da MPB contemporânea.
Ouçam e vejam esse interessante lado "menestrel/hippie/poético de sua carreira e tirem suas conclusões:
História Estranha (c/ OM, Eduardo Costa e Tânia Maya): http://www.youtube.com/watch?v=kxF7ifPtxcU
Incompatibilidade ( acompanha um vídeo crazy): http://letras.terra.com.br/oswaldo-montenegro/47881/

3 de fevereiro de 2010

O fulminante Stevie Ray Vaughan

Conheci o jovem músico Bruno no fervilhante salão de cabeleireiro do Dinho e no meio do papo musical, quando falávamos sobre grandes guitarristas, ele cravou esta: "- Se o Stevie Ray Vaughan não tivesse morrido de helicóptero, mais cedo ou mais tarde morreria de coisas mais pesadas". Concordei e não concordei, porque desde que travei contato com a obra e a carreira de Stevie nos anos 80, senti sua urgência, que jorrava aos borbotões através dos riffs da guitarra e de seu decorrente e desaforado blues. Talvez o peso aqui nem seja droga ou alcool, dupla com quem travou grandes batalhas; quem sabe o peso do seu próprio blues? Houve chances e recomeços, como veremos adiante.
Esse Stevie fulminante foi o mesmo que deixou o "God of Guitar" em pessoa, Eric Clapton, de queixo caído. A mesma reação tiveram seus ídolos Buddy Guy e Albert King e talvez tivesse quem sabe, Jimi Hendrix, se vivo fosse. Seu virtuosismo, aliado ao mix de estilos adquirido dos mestres aqui citados (+ Freddy King, Albert Collins e Ottis Rush) modelou seu blues em algo novo e característico.
Depois de iniciar sua carreira tocando baixo na banda do irmão mais velho Jimmie (outra grande influência), no final dos 70, montou a banda Double Trouble, que o iria acompanhá-lo pelo resto da vida. Logo chamou a atenção de David Bowie, que o lançou em seu disco Let´s Dance, na faixa homônima e em China Girl. Seu debut junto ao Double Trouble foi em Texas Flood de 1983, um lançamento inspirado e inspirador, que o elevou no ato à "grande guitarrista do blues". Os discos subsequentes seguraram o nível, até 1986, quando um colapso nervoso, fruto de seus vícios cada vez mais constantes e pesados, o colocou em tratamento por um bom tempo. Sua volta, em 1989, foi por cima, fortalecida pela velha técnica e a pegada de sempre. Pena que essa segunda chance durou muito pouco: em 27 de agosto de 1990, um dia depois de um show magistral ao lado de Robert Cray, Eric Clapton e o brother Jimmie, Stevie se encaixou no helicóptero que levava a equipe de Clapton para mais uma apresentação conjunta, quando minutos depois, sob forte névoa, um choque violento da nave, jogou todos a bordo de encontro a morte. Aos 35 anos, faleceu um colosso da guitarra, intuitivo e visceral como tantos da história do blues rock; precoce e fulminante como outros tantos, a começar pelo pioneiro Robert Johnson, passando por Jimi Hendrix e Duane Allman. Para Eric Clapton, que depois de quase morrer, talvez não morra mais, Stevie Ray foi um amigo, irmão e companheiro de palco, e talvez por sina, mais uma perda em sua longa e acidentada estrada.
A "pedrada" Pride and Joy: http://www.youtube.com/watch?v=NU0MF8pwktg
O último show (com Cray e Clapton):