5 de fevereiro de 2010

Porque vale a pena ouvir Oswaldo Montenegro

Chega a ser irônico. Oswaldo Montenegro é compositor múltiplo, de um leque considerável de ritmos; instrumentista estudado, mas que mantém a intuição; letrista dos bons, homem que revolucionou os musicais no teatro, poeta sensível, diretor musical, especialista em trilhas sonoras, apresentador e pesquisador, entre otras cosas mas. Menestrel, portanto, é um nome que lhe cai bem. E porque então a crítica especializada lhe vira as costas? porque os livros de MPB não lhe colocam no devido lugar de importância? porque a pecha equivocada de chato o persegue?
Muitos conhecem Oswaldo através dos festivais dos anos 80 e só, embora ele seja um bom vendedor de discos. Portanto, lembram-se dele pela emocionante Bandolins ( Festival da TV Tupi - 1979 - 3º lugar), Agonia ( 1º lugar no MPB-80 da TV Globo) e Condor ( finalista do Festival dos Festivais da Globo em 1985). Eu, que conheço sua obra a fundo, considero relevante entre essas três, só Bandolins, uma doce e perfeita canção feita sob medida para o ótimo entrosamento vocal entre o compositor e seu colega brasiliense Zé Alexandre. Agonia, composição do seu colega de infância Mongol é interessante, mas na minha opinião, cansativa e eu não torci pra ela naquele festival. Condor não está entre as melhores composições dele, embora seja bem otimista - ao meu ver, sua estrutura caberia mais como jingle.
Quem conhece Oswaldo Montenegro na grande mídia, portanto, não tem a verdadeira dimensão da sua extensa carreira além dos festivais, permeada por musicais premiados no teatro, descobertas importantes de talentos ( como Zélia Duncan, Cássia Eller, o saxofonista Milton Guedes e a atriz Teresa Seiblitz) , lançamentos independentes antológicos e trilhas sonoras constantes.
Quem o tem por "cantor de festival" ( talvez por conta de Agonia), ou compositor de algumas novelas globais, talvez mude de opinião se ouvir com um pouco mais de atenção suas composições intrincadas e sua poesia forte, vindas, principalmente de suas produções teatrais independentes. Não estou menosprezando esse seu lado que aparece mais, de maneira nenhuma - inclusive porque sua produção mantém uma qualidade excepcional em todas as fases.
Oswaldo Montenegro, que tem se destacado na programação do Canal Brasil com seus programas que investigam a essência da música nacional e sempre conta com um público fiel em seus shows, merece mais destaque nas tais cronologias musicais da MPB contemporânea.
Ouçam e vejam esse interessante lado "menestrel/hippie/poético de sua carreira e tirem suas conclusões:
História Estranha (c/ OM, Eduardo Costa e Tânia Maya): http://www.youtube.com/watch?v=kxF7ifPtxcU
Incompatibilidade ( acompanha um vídeo crazy): http://letras.terra.com.br/oswaldo-montenegro/47881/

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