31 de outubro de 2013

Renato Canini (1936-2013)

Renato Canini foi um dos mais autênticos criadores da nossa HQ. É só qualquer um bater o olho no seu Zé Carioca da primeira metade da década de 70 pra ver essa autenticidade: está ali um Zé Carioca finalmente incorporado à essência do brasileiro, com a Vila Xurupita escancarando barracos de verdade e o papagaio malandro mais natural, safo e driblador do que nunca, em seu traço divertido e solto. Muitos começaram a ler Disney com mais gosto na época por causa desse artista gaúcho, que nunca modificou seu estilo ou seu traço por conta de "fatores externos". Essa originalidade/liberdade gerou desconforto na matriz da Disney, e muito dizem que houve questionamentos à Abril sobre a arte fora do padrão mundial estabelecido. Uma corrente não crê nesse policiamento disneyano e acha que o autor pode ter sido patrulhado internamente, mas há indícios da presença de um profissional do estúdio responsável pela direção de arte das licenças. O certo é que Canini continuou Canini - desenhou o personagem por seis anos e chegou a roteirizá-lo - e sedimentou o caminho que o tornaria o primeiro Mestre Disney brasileiro, enquanto colaborava com a revista Recreio, Crás (com o impagável Kactus Kid) e criava as tiras do Dr.Fraud.
Revista Crás nº2 de 1974
Antes, bem antes de tudo isso, participou do CEPTA, movimento cooperativista de tiras de circulação nacional, com o personagem Zé Candango. O projeto durou pouco - o Golpe de 1964, que já tinha limado a revista Pererê de Ziraldo, decretou também seu fim. Na década seguinte, com o sucesso do Zé Carioca, pôde se realizar com um tema que lhe era valioso, a ecologia, na pele do índio Tibica, mais uma vez no formato tiras em projeto de distribuição da própria Abril. Posteriormente, Canini confirmou sua paixão e predileção por esse personagem. Entre os veículos de maior projeção, colaborou também com a revista Pancada e Pasquim e nos últimos anos, foi agraciado com muitos prêmios, ganhou uma edição especial sua na série Mestres Disney em 1995 e teve seu Kactus Kid transformado em troféu no HQMix de 2007. Seu último lançamento foi o livro Pago pra Ver, de 2012, coletânea de cartuns, desenhos e esboços relacionados aos pampas gaúchos. Canini fará muita falta, não só por sua genuína arte, mas como dizem todos os que o conheceram pessoalmente, por seu caráter íntegro e generosidade sem igual.
Zé Carioca e Nestor no traço inigualável de Canini para a capa de Mestres Disney nº5

Revista "Conhecimento Prático - Literatura" tem edição inteira dedicada aos quadrinhos

A última revista -Conhecimento Prático - Literatura ( edição 51, em bancas), da Ed. Escala, é totalmente dedicada aos quadrinhos. Além do foco principal, HQ em salas de aula como ferramenta pedagógica, também tem entrevistas com Ziraldo e Maurício de Sousa, artigos muito pertinentes sobre Clássicos da Literatura em HQ , a história do Code Authority e o auge da censura americana nos anos 50 (por Alexandre Callari), quadrinhos "poéticos-filosóficos" (por Matheus Moura), Imprensa e Impressão no Brasil (por Álvaro de Moya), um resumo da trajetória da revista O Tico-Tico, duas ótimas matérias do Nobu Chinem - "Escrevendo sobre Quadrinhos" (enfocando autores que escrevem sobre o gênero) e "A Academia abre as portas para os quadrinhos" ( sobre os núcleos de estudos do gênero dentro das universidades), entre outros bons artigos. De quebra, nas matérias mais pedagógicas, há uma extensa lista com obras de referência. Muito legal a iniciativa - pra quem como eu, adora "ir fundo" nas HQs e acredita que a nona arte é sim uma ferramenta preciosa ( e não "preguiçosa", como já apregoaram alguns) na educação, uma publicação séria com esse foco se torna essencial. Essa vai direto pro meu arquivo.

27 de outubro de 2013

Lou Reed (1942-2013)

Lou Reed, um dos mais importantes compositores do rock em todos os tempos, faleceu hoje cedo, de complicações decorrentes de um transplante de fígado realizado no início do ano. Reed foi um dos criadores que mudaram a forma de se fazer rock, ainda nos anos 60, ao fundar com seu amigo de escola, John Cale, de formação erudita, o grupo Velvet Underground, que contava também com o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker. O Velvet incorporou poesia/crônica das ruas, tabus, guitarras sujas, lirismo e underground, e embora tenha vendido muito pouco dos seus quatro discos, entre 1967 e 1970, deixou marcas profundas no rock que viria a seguir - o grupo foi influência decisiva para o glam rock, o punk e o pós-punk. Lou Reed seguiu solo ainda em 1970 e lançou pelo menos duas obras primas: Transformer (1972), com a bênção do rei da época, David Bowie, e Berlin (1973), um disco mais "cabeça", mais "cinza", mas não menos entusiasmante. Seus discos seguintes mantiveram lampejos de genialidade, uns mais coesos, outros mais confusos. Nas buscas e experimentações limítrofes, o compositor chegou até a lançar um disco recheado de ruídos e barulhos, embalado como erudito e "avant-garde" (Metal Machine Head, de 1975), que chegou a ser considerado por um bom tempo um dos piores discos de rock, mas ultimamente se tornou cult. Chocar e surpreender sempre foi seu lema, assim como a contestação e a cara fechada em aparições públicas ou entrevistas, duas marcas registradas de sua personalidade. Lou Reed foi Lou Reed até o fim: polêmico, incompreendido, difícil, genial.
Entre tantas músicas importantes do Velvet Underground e da carreira solo, fiz o meu Top Five  abaixo. E de quebra, um disco inteiro, o ótimo e subestimado Loaded, o último do Velvet Underground clássico.
* I'm Waiting for the Man - Velvet Underground - http://www.youtube.com/watch?v=hugY9CwhfzE
* Pale Blue Eyes - Velvet Underground - http://www.youtube.com/watch?v=PK4DeMYtumc
* Perfect Day - Lou Reed - http://www.youtube.com/watch?v=QYEC4TZsy-Y
* Satellite of Love - Lou Reed -  http://www.youtube.com/watch?v=MO5reyuzXis
* Walk on the Wild Side - Lou Reed - http://www.youtube.com/watch?v=0KaWSOlASWc
* Loaded - Velvet Underground (1970) (Full Album) - http://www.youtube.com/watch?v=-NwKZ9ZsgGA

25 de outubro de 2013

All Doodles

O último Doodle, em homenagem ao primeiro vôo de paraquedas
Eu sempre tive muita admiração pelos Doodles, os logotipos do Google estilizados, criados para datas especiais ou homenagens à personalidades. Artísticos, com animação, interativos, a criatividade sempre impera nessas criações exclusivas. Pois nessa semana, meu filho descobriu no próprio Google um atalho precioso que guarda todos os Doodles feitos até hoje, incluindo os pioneiros, mais simples, lá nos primórdios da empresa, até os atuais, mais rebuscados. E o melhor: na página, estão os Doodles feitos no mundo inteiro, ou seja, ali estão de verdade, todos os Doodles produzidos. Vale a pena ver:
http://www.google.com/doodles/finder/2013/All%20doodles

21 de outubro de 2013

2ª Capa do Mês: MAD outubro de 2013

Fugi à regra este mês e incluí mais uma capa para ser a "do mês". Os criadores da Mad americana de outubro foram muito felizes na concepção da capa - o assunto, não poderia ser mais "em cima" do que este. Spy x Obama x Spy! A arte é de Mark Fredrickson.

19 de outubro de 2013

Doodle Vinicius 100

Mais uma vez o Google presta loas a uma personalidade brasileira com um Doodle caprichado, e desta vez, além do aniversário ser de um século, o homenageado é um dos grandes da nossa cultura em todos os tempos. Vinicius de Moraes foi poeta dos melhores, boêmio de carteirinha, diplomata por teimosia, letrista por osmose ( e só por isso revolucionou a forma de se fazer letra no Brasil), fanático pelas mulheres por natureza. Vinicius, como bem notou Drummond, foi o poeta que mais viveu a poesia - sua vida era carne viva, flor da pele, intensa, profunda, como os mais importantes poemas. Oficialmente Vinicius faz 100 anos hoje, mas todo mundo sabe que ele viveu 100 anos ou mais em seus sessenta e tantos anos. Saravá, poetaço ( não vou te chamar de poetinha hoje)!.

18 de outubro de 2013

A impressionante arte de Joe Black

fotos divulgação
Quase 10.000 soldadinhos de brinquedos formam o rosto do ex-líder comunista Mao Tsé-Tung (acima e abaixo). Essas e outras obras impressionantes fazem parte da exposição do artista Joe Black em cartaz a partir de hoje no Opera Gallery de Londres.

+ no release da exposição com outras obras que também "enganam a vista":
http://www.operagallery.com/media/Joe%20Black%20-%20Ways%20Of%20Seeing.pdf

A Volta do Peixe Peludo


No final de 2010, um ser zoomórfico, com cara de peixe, pés humanos, pelos por todo o corpo e boemia underground inerente, virou personagem principal de um caprichado álbum de HQ idealizado pela dupla Rafael Moralez (textos) e Rodrigo Bueno (desenhos), sucesso de crítica e indicado a três prêmios HQMix (post: (http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2010/12/um-peixe-trompetista-peludo-e-ranzinza.html ). Eis que dois anos depois, o Peixe Peludo dá as caras again, via Catarse (detalhes aqui: http://catarse.me/pt/peixepeludo2 ). Pra quem não sabe, Catarse é a maior plataforma de financiamento coletivo (crowdfunding) do Brasil, viabilizando em quase três anos de existência cerca de 700 projetos criativos. Eu contribuí sem pestanejar (viva o quadrinho independente!) e o processo é bem rápido e indolor – as opções vão desde o livro autografado até recompensas adicionais como adesivos, camisetas e páginas originais.Conversei no FB com Rafael Moralez para saber mais detalhes dessa volta “catártica” do Peixe Peludo:

AM: Rafael, você e o Rodrigo já tinham uma trilogia em mente quando lançaram o primeiro álbum do Peixe Peludo?
RM: Sabíamos que ia ser mais de um número, mas não era certo quantos. A trilogia surgiu quando começamos a escrever o segundo. Três é um número bom.

AM: O Rodrigo comenta no vídeo de divulgação do projeto que essa nova história está ainda melhor que a primeira. Você também acha isso?
RM: Ela tá bem mais pesada, dias atrás reli e achei boa, se não tivesse gostado diria numa boa. Acredito que amadurecemos mais o personagem e temos mais claro para nós quem ele é. A ideia da trilogia ajudou nisso, agora sabemos pra onde ele vai e o que temos que fazer com a história. Parece que não tem sentido, mas o terceiro número vai fechar tudo isso, vai ser bem legal!

AM: O Peixe Peludo de 2010, ranzinza, musical, boêmio, urbano, é o mesmo Peixe Peludo de 2013?
RM: Um pouco sim, mantivemos suas características. Não vejo ele como ranzinza, mas sim como um sujeito crítico, que observa a sociedade e o mundo a sua volta com personalidade de pensamento. Ele não é mais um cordeiro que abaixa a cabeça na cidade de São Paulo, ele é um ser que pensa muito sobre as coisas. Acho o peixe um personagem bastante lúcido e um tanto revoltado com o mundo.

AM: A opção para esse novo álbum é a via independente. Como você vê essa tendência de lançamentos “sem editora” nos quadrinhos? Esse caminho foi natural para vocês ou brotou diante das adversidades do mercado?
RM: O caminho surgiu quando a editora que acenou dizendo que ia lançar o número dois deu pra trás e disse que não ia mais lançar. Estávamos com ele quase pronto. Tanto eu como Rodrigo sempre fizemos Fanzine no melhor esquema “faça você mesmo”; não tivemos a mínima dúvida e encaramos isso numa boa. Acho que é o caminho sair das editoras, gravadoras e até livrarias - só assim podemos ter uma verdadeira cena independente de quadrinhos no Brasil; e tem muita gente fazendo trabalhos excelentes. Quanto menos gente entre você e o leitor, melhor.

AM: No caso do Peixe Peludo, conseguindo a arrecadação necessária no Catarse, quais são os próximos passos até o volume chegar às mãos do leitor? Esse nº 2 da trilogia será posteriormente vendido em livrarias ou eventos? 
RM:Assim que terminar o tempo de arrecadação do Catarse vamos correndo pra gráfica, pois queremos entregar os exemplares aos colaboradores em dezembro. Vamos vender o número dois de mão em mão e deixaremos alguns em livrarias de quadrinhos em São Paulo. O projeto tem uma página no facebook (https://www.facebook.com/PeixePeludo?ref=hl) Vamos usar ela com contato para quem quiser comprar um exemplar.   

AM: Obrigado pelas informações, Rafael! E muita boa sorte para vocês, incluindo o Peixe Peludo, claro. Abraço.
RM: Nós todos que agradecemos. Muitíssimo obrigado!! Abração!

15 de outubro de 2013

Vários ângulos do cinema de Stanley Kubrick em mostra/exposição no MIS

Imperdíveis a mostra e a expo do fenomenal Stanley Kubrick que rola simultaneamente em São Paulo, graças ao MIS. A mostra, retrospectiva, com a nata da sua produção, vai até quinta (17), e a exposição, cheia de surpresas, segue até 12/01/2014, trazendo imagens, objetos, vídeos, áudios, figurinos dos filmes, entre outras preciosidades. O mestre merece esta homenagem.
Mais detalhes no CidadedeSãoPaulo: http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/cinema/4093-mis-promove-mostra-de-cinema-e-expo-de-stanley-kubrick




13 de outubro de 2013

Jards Macalé e as biografias

Não vou nem me aprofundar nessa história do tal "movimento contra as biografias não oficiais", pois acho de uma estreiteza absurda. Mas só pra constar, adoro biografias e tenho uma estante cheia delas. Incluindo os livros que em algum momento foram proibidos, "Noel Rosa-Uma Biografia"(que já postei aqui http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2010/02/bau-do-malu-19-noel-rosa-uma-biografia.html ) e "Roberto Carlos em Detalhes". Também tenho "O Bandido que sabia Latim" biografia do Paulo Leminski que o Toninho Vaz fez alguns anos atrás e que agora teve a nova edição atualizada abortada por uma liminar da família do poeta. Comprei-os legalmente com meu suado dinheirinho em seus respectivos lançamentos em livraria e não tem ninguém nesse mundo que me tire eles. Mas esse meu post na verdade foi escrito pra poder incluir uma nota maravilhosa que eu vi hoje e que revela a opinião do sempre polêmico e genial Jards Macalé. Saiu na coluna Gente Boa do O Globo e deve fazer muita gente sair de cima do muro em relação a esse assunto.

11 de outubro de 2013

Capa do Mês - Poeira Zine 50


Outra capa não caberia aqui. A icônica revista Poeira Zine, publicação preferida de 10 entre 10 roqueiros da gema, caprichou nessa última edição e botou em sua fronte duas das vozes femininas mais genuínas e simbólicas dos agitados anos 60: Janis Joplin e Grace Slick.

4 de outubro de 2013

Previews: Graphic MSP "Piteco - Ingá"


Ontem rolou um grande acontecimento no FB: Sidney Gusman, responsável pelo Planejamento Editoral da Mauricio de Sousa Produções e um dos que deram o empurrão necessário para que a coleção Graphic MSP virasse realidade, abriu uma página especial de previews do novo volume da coleção, "Piteco - Ingá",com roteiro e arte do paraibano Shiko. E pelas imagens, será mais um álbum de grande qualidade, a altura dos três últimos números, "Astronauta - Magnetar" de Danilo Beyruth, "Turma da Mônica - Laços", de Vitor e Lu Cafaggi e "Chico Bento - Pavor Espaciar", de Gustavo Duarte. Imagens que surpreendem, seja pelos traços fortes, rústicos e o cenário de cores barrentas e ao mesmo tempo vibrantes, além do tema transcendente que se inspira na pedra do mesmo nome, monumento arqueológico situado no sertão paraibano, com inscrições e gravuras cobertas de mistérios e lendas. Em novembro, no Festival Internacional de Quadrinhos, finalmente poderemos botar as mãos nessa maravilha. Enquanto isso, fiquemos com algumas das imagens divulgadas (e a capa acima):





3 de outubro de 2013

Saiu o Mandrake da Pixel!

Depois de grande expectativa, saiu hoje nas bancas o Mandrake da Editora Pixel, nos mesmos moldes do último lançamento com o Fantasma: 130 páginas e preço de capa R$16,90. As histórias, coloridas, são quatro"O Mundo do Espelho", "O Colégio de Mágica" "O Chefe" e "O Contrabandista". R$16,90. Mais um lançamento caprichado sob a batuta da Otamix. E que venham mais clássicos!

2 de outubro de 2013

Bye, MTV


A MTV encerrou suas atividades e agora ressurge com outro padrão, outro formato e uma cara mais "Fazenda" ( a se basear nos novos contratados: Supla, Fiuk, entre outros). Ultimamente, até meus filhos adolescentes estavam sem paciência para a programação da emissora - assistiam alguma coisa da equipe do humor e olhe lá. Eu só parava pra ver se tinha a ver com "clássicos" ou "História" ( o que era bem raro). Foi nessas que acabei acompanhando trechos do My MTV, que andava reprisando cenas dos primórdios com os VJs pioneiros ( Cuca, Gastão Moreira, Edgard, Astrid, entre outros) . A verdade é que a MTV que surgiu em 1990 há muito tempo não existia mais. Com a internet e a rapidez com que a música corre o mundo, o canal ficou meio sem chão e tentou por várias vezes adaptar seu foco. Como agora, com o falecimento do Roberto Civita, a Editora Abril adotou uma política de manutenção dos produtos tops de linha ( daí o fechamento de algumas revistas que não alcançavam esse padrão de vendas), a emissora entrou no pacote. Adios, velha MTV. Talvez você tenha se despedido um pouco tarde demais.
O vídeo de despedida:
E os últimos minutos:

1 de outubro de 2013

Capa do Mês - Rolling Stone nº 84 ( e alguns pitacos sobre o RiR)

Embora essa RS seja de setembro - eu só botei a mão nela hoje, portanto, essa capa com foto do show do Bruce Springsteen (que parece até montagem, não fosse uma cena habitual em sua turnê mundial) fica como capa destaque da virada setembro/outubro. Nos créditos da magazine consta: "Bruce Springsteen fotografado por Jo Lopez no Estádio San Siro, em Milão, Itália, em 3 de junho de 2013". A foto escancara bem a entrega do compositor americano em seu show. Quem o viu/assistiu no Rock in Rio comprovou o seu vigor e entusiasmo em plenos 64 anos, pulando, correndo, saltando no piano, carregando uma fã no colo, surfando e saracoteando na platéia. Com essa postura, fez um show muito mais quente que as outras atrações e pra muitos, o melhor. Iron, Metallica, Alice in Chains, entre outros bastiões do rock, fizeram bons shows, profissionais, mas talvez um tanto burocráticos. A presença de Zé Ramalho com o Sepultura foi um grande momento, assim como a improvável mistura Gogol Bordello/Lenine. O ótimo e remendado Helloween agitou pra valer a galera, com participação até de seu vocalista original, Kai Hansen, mas por incongruências da produção, teve que se contentar com o palco secundário. Na ala nacional rolaram homenagens a Raul Seixas e Cazuza com um time afinado. Não assisti (porque não deu) Offspring, Marky Ramone, Muse, Ben Harper, portanto não tenho nada a declarar sobre eles. Também não assisti Beyoncé, Ivete Sangalo e Justin Timberlake, mas esses porque não quis mesmo. Os suecos do Ghost, com suas vestes papais, surpreenderam. Bon Jovi e Sebastian Bach decepcionaram ( pelo menos a mim). No fim, Bruce Springsteen foi mesmo o destaque do Rock in Rio 2013, um festival mais uma vez esquizofrênico, com esparsos momentos de brilho, mas que deve se manter como grife por uns bons anos ainda.