9 de dezembro de 2014

A estátua do Tom e a outra estátua

Divulgação
Ontem, em comemoração aos 20 anos da morte do maestro e compositor Tom Jobim, foi inaugurada estátua em sua homenagem na praia de Ipanema. Justíssimo, e numa praia que não poderia ser outra. Tom Jobim reinou soberano nessas areias ( embora depois de uma acidente bobo na juventude tenha trocado a água pelo asfalto, mais precisamente os bares e botequins da orla). O que se espera é que não aconteça o que aconteceu com a estátua de outro gênio, o poeta Drummond de Andrade, que teve a sua estátua erguida em 2002 em Copacabana e logo em seguida sofreu depredação ( fato que depois se repetiu várias vezes, em ataques ainda piores). Que haja uma vigilância por perto para que o monumento fique intacto e divulgue aos turistas e visitantes a imagem de um dos maiores músicos do planeta.
Na época do vandalismo de 2002, fiz uma poesia sobre o ocorrido ( publicada no livro "Aura de Heróis", lançado em setembro deste ano). Segue o trecho da matéria de introdução e a poesia na íntegra ( como foi publicado no livro):


Velho Poeta

Vândalos voltam a atacar estátua de Drummond no Rio
          Folha Online 24/11/2002

”A estátua em homenagem a Carlos Drummond de Andrade, localizada em Copacabana, Rio, voltou a ser alvo da ação de vândalos. Uma haste dos óculos do poeta foi quebrada.
Inaugurada em 30 de outubro para marcar os 100 anos do poeta, a estátua foi pichada dois dias depois. Garis foram acionados para a limpeza.
A estátua, em tamanho natural, foi colocada em um banco da praia, onde Drummond costumava passear.”

 Drummond, velho poeta
que tanto caminhava na orla
com a brisa matutina predileta
e o calçadão de Copa em sua sola

Drummond, velho poeta
erigiram uma estátua sua bem quieta
sentada de bengala e com a cara reta
a observar os banhistas e as bicicletas

Drummond, velho poeta
Já no segundo dia picharam seu traje
e quebraram seus óculos com três semanas completas
Assim que acabar o mês o que virá de ultraje?

Drummond, velho poeta
sei que havia uma pedra no caminho
e nada mais agora te afeta
pois é ‘gauche’ inabalado, com asas e espinho

Ignorou com elegância o ocorrido
estático no bronze que o completa
continua vivo mesmo que tenha morrido
dizem que até sorri, Drummond, velho poeta



(2002)

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