22 de setembro de 2015

Até, Quequé!

O famoso "Churras dos Virgens" (1983/84): Quequé na ponta, de azul, com namorada; João e namorada, Marciona, Vladimir ( com cigarro na boca), Rogério ( de preto), Zum, Maguila e namorada. No centro, Gan, se fazendo de "canguru aloprado"; agachados: Fran, em infração basqueteira ( parado no garrafão) e Sachetão, todo camuflado ( foto: acervo Paulo Sacheta).
O amigo Quequé ( nascido Américo) estava sumido há mais de uma década, e quando eu quis revê-lo nos últimos encontros que realizei com a oitentista turma de Táxi de São Caetano, entre 2009 e 2012, infelizmente ele não pôde comparecer. Nós sabíamos que ele tinha metido o pé na jaca anteriormente, com relação ao álcool, e muito desse seu problema tinha relação com problemas particulares e tragédias pessoais que ele só revelava em parte. Pra gente, que tinha entre 15 e 17 no início dos 80, o Quequé, dois ou três anos mais velho, era "o cara": namorador, boa pinta, estiloso ( vivia de camisa e com a calça jeans lá pra baixo, sempre com o cinto tipo "exército" pendente), bom de briga e de copo. Bruto e gentleman ao mesmo tempo. Fizemos poucas e boas naqueles desconcertantes anos! Primeiro houve a aproximação, em uma excursão escolar de formatura ( Rancho Ranieri em Itapecerica da Serra - 1982) e logo estávamos juntos na lendária turma do Ponto de Táxi, que se reunia na esquina da Rua Oriente com Rua Flórida, uma das mais famosas de São Caetano do Sul. Em seguida, rolou um memorável churrasco ( "Churra dos Virgens") bolado pelos aniversariantes virginianos da turma ( eu, Quequé e mais três) e que rendeu uma pelada no campo de futebol com os jogadores vestidos de mulher (!). Foi a ignição para viagens posteriores inesquecíveis, principalmente para o litoral paulista, na casa de amigos em comum. Numa dessas, em Itanhaém ( na casa do amigo Wirtão), aconteceu de tudo: brincadeiras assustadoras pós-meia noite na praia ( que era um breu) e barulhos estratégicos nas paredes da casa ( cortesia do próprio Quequé), fizeram alguns dos nossos tremer na base e se borrar de medo ( né, Lupa, Rica e Fran?). Já em outra viagem - Boqueirão/Praia Grande (casa do João), mais emoções, mas dessa vez sem resquício de brincadeira: alguém que estava com a gente no calçadão chutou uma caixa de papelão vazia na rua, deixada ali justamente para provocar. Logo saíram três ou quatro locais já ameaçando briga e  o motivo, segundo eles, era por termos chutado de propósito a caixa que tinha um suposto tênis dentro, que pertencia a um deles. Desculpa deslavada para iniciar um tumulto. Quequé, que nunca levou desaforo pra casa, já estava um tanto alto ( aliás, todos nós) e partiu pro contra ataque. Rolou um empurra empurra básico, um ou outro chute no vácuo, e a coisa só não degringolou por que milagrosamente uma viatura passou pelo local, o que ocasionou a dispersão. Em São Caetano, Quequé não perdia um bom papo no balcão da Panificadora Canoa, um baile no Buso Palace ou na Hipnosis, uma discussão pontual ou uma essencial companhia feminina. Casou relativamente novo, ainda em 1990, na mesma época em que a turma se dissolvia,  e se eu o vi umas três vezes depois disso, foi muito. Numa dessas oportunidades, encontrei-o como um dos organizadores da famosa Corrida de Reis, tradicional competição de rua da cidade que existe até hoje. Então, passados alguns bons anos,  veio aquele revival bolado por mim ( ENTUPA - Encontro da Turma do Ponto e Amigos) , que deu oportunidade para muitos se reverem depois de um 'tempão'. Mas por um toque do amigo e ex-vizinho de rua João, que comentou que ele não estava saindo mais por conta do seu problema já citado com a bebida, acabei não chamando-o para o nosso encontro. Uma pena. Hoje acredito que tenha sido um erro. A vida é curta, passa num piscar de olhos, e essas oportunidades únicas não podem ser desperdiçadas. Mas também acredito que o que tem de ser, é, e tem motivos que a nossa vã filosofia sequer suspeita. Quequé deixou o nosso mundinho um dia depois de seu aniversário, agora no começo de setembro. Devia ter uns 52 anos no máximo. Espero de coração, que sua vida tenha de alguma maneira valido a pena. As maravilhosas aventuras e momentos de camaradagem passados naquele grande pedaço de década no século XX vão arrefecer a alma dos envolvidos por muito, muito tempo. Até, Quequé!

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