18 de setembro de 2015

Carlos Manga (1928-2015)


Carlos Manga, um dos maiores diretores de televisão, faleceu ontem, aos 87. Foi um ótimo diretor de cinema ainda nos anos 50, pela Atlântida ( veja lista lá no fim), mas a televisão acabou levando-o nos anos 60 e ele quase não fez mais filmes para a telona ( as exceções foram "O Marginal" de 1974 e "Trapalhões e o Rei Futebol", de 1986, com Pelé). Uma pena, pois foi um dos melhores do período de ouro das chanchadas, inclusive sendo responsável por juntar os dois astros da Atlântida em um filme: Oscarito e Grande Otelo. Quase ninguém citou em seu obituário, mas ele foi o responsável por um dos programas mais badalados dos anos 60 - a Jovem Guarda - embora tenha se especializado na verdade em fazer programas humorísticos, tanto para a Record como para a TV Rio. Nos anos 80, reacendeu essa fagulha humorística, primeiro com Chico Anysio, depois Trapalhões, e fechando esse ciclo, Zorra Total. No meio disso, uma galinha dos ovos de ouro: Domingão do Faustão. Já como diretor artístico da Globo, a partir dos 90, fez muitas séries e algumas novelas, diminuindo o ritmo só no começo deste século. Manga era considerado pelos seus pares, um diretor bastante exigente, mas toda essa rigidez era pra extrair o máximo de cada ator/atriz que dirigia. Nos últimos anos, foi homenageado de todas as maneiras: estátua no Cine Odeon, personagem em novela, prêmios pelo conjunto da obra. Também gostou de atuar nesses tempos mais recentes, ora como ele mesmo, ora como personagem em participação especial. Ganhei seu livro autobiográfico no ano passado e ali tem muitas curiosidades e histórias incríveis. Foi ali que eu soube que ele era bancário e estudante de direito antes de ser diretor ( na verdade, antes de trabalhar no almoxarifado e ser contra-regra e assistente, duas funções iniciais quando começou no cinema), e que foi graças a um empurrãozinho do ator Cyll Farney ( irmão de Dick Farney, um dos protagonistas do seu filme "O Homem do Sputnik, de 1959, ao lado de Jô Soares) que ele conseguiu uma boquinha como profissional da sétima arte.
Entre as atrizes Eliana Macedo e Fada Santoro ( gravações de "Nem Sansão Nem Dalila", de 1954)
Workaholic desde sempre, fez 32 filmes em um período relativamente curto, e entre suas proezas, foi morar em Roma nos anos 70, onde chegou a trabalhar com mestre Fellini, e também foi quem levou a irreverente Dercy Gonçalves para a televisão (Excelsior). Um trajetória brilhante, com certeza.
Abaixo, uma lista com os principais trabalhos de sua carreira:

Novelas
"Anjo mau" (remake, 1997)
"Torre de Babel" (1998)
"Belíssima" (2006)
"Eterna Magia" (2007)
Minisséries
"Agosto" (1993)
"Memorial de Maria Moura" (1994)
"A Madona de Cedro" (1994)
"Incidente em Antares" (1994)
"Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados" (1995)
"Decadência" (1995)
"Um Só Coração" (2004)
"Afinal, o que Querem as Mulheres" (2010)
Seriados
"Sandy & Junior" (1999)
"Sítio do Picapau Amarelo" (2001)
Programas
"Domingão do Faustão" (1989)
"Chico City" (1973)
"Os Trapalhões" (1979)
"Zorra Total" (1999)

Cinema  
"Carnaval Atlântida" (1952)
"A Dupla do Barulho" (1953)
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal"
"Assim era Atlântida"
"A Dupla do Barulho" (1953).
"Nem Sansão nem Dalila" (1954)
"Matar ou Correr" (1954)
"O Homem do Sputnik" (1959)
"O Marginal" (1974)
"Assim era Atlântida" (1975) e "Trapalhões e o Rei do Futebol" (1986)

Outra exceção em sua carreira cinematográfica foi a direção em 1975 do documentário "Assim Era A Atlântida". Segue na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=uiwZ_BMXIDU 

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