31 de maio de 2016

Mell Lazarus (1927-2016)


Mell foi um dos grandes roteiristas/desenhistas de humor das tirinhas diárias de quadrinhos. Sua mãezinha superprotetora, independente e possessiva fez um tremendo sucesso no Brasil, em jornais ( principalmente no suplemento dominical de O Globo - Globinho Supercolorido), suplementos e revistas de tiras como Patota. Por aqui o nome original ( Momma) foi convertido para "Mãe". Naquela cultuada coleção da RGE dos anos 70, "Quadrinhos de Bolso", saiu uma edição só com tiras da "Mãe"( de 1976 - imagem). No pequeno texto de perfil abaixo, assinado pelo competente Mario Latino, editor do jornal Graphiq, fiquei sabendo que Mell foi por um tempo assistente de Al Capp em Lil'Abner ( Ferdinando). O artista faleceu em 24/05 aos 89 anos.

http://www.graphiqbrasil.com/tirasclassicas/momma.html

imagem do Guia dos Quadrinhos

23 de maio de 2016

Baú do Seu João 15 : Cinelândia - 1ª Quinzena de Abril de 1954


Esse é mais um exemplar de Cinelândia que eu e meu pai conseguimos salvar de sua coleção com pelo menos duas centenas de revistas. Há uns anos atrás, os cupins devastaram o armário em que as revistas estavam e entre mortos e feridos, resgatamos uns 50 exemplares dos destroços. Esta acima, com uma incandescente Dóris Monteiro como estrela da capa, saiu do incidente praticamente inteira. Que bom!

20 de maio de 2016

Chico Feitosa escreve sobre Sylvinha Telles ( Sétimo Céu - 1959)


Folheando aqui um exemplar da Sétimo Céu da 2ª quinzena de maio de 1959, logo na contracapa, deparo com esse texto sobre Sylvinha Telles ( ainda Silvinha) assinado por Francisco Feitosa, o Chico "Fim de Noite" ( chamado assim pelo seu grande sucesso de mesmo nome). Chico foi secretário de Vinicius por volta de 1956 e mais adiante virou assistente de produção do espetáculo criado pelo poetinha,  "Orfeu da Conceição". Quando era secretário do homem, conheceu Ronaldo Bôscoli, saindo daí uma dupla muito bem azeitada na música e na amizade. Paralelo à música - frequentava assiduamente o ap da Nara e participou dos primeiros shows universitários da Bossa - passou por redações como Última Hora ( no caderno de variedades UH em 1958) e Sétimo Céu ( como vimos).

Com Sylvinha, participou dos citados shows pioneiros de Bossa ( como o de 1958 no auditório do Grupo Universitário Hebraico, também com Nara Leão, Carlos Lyra e Roberto Menescal). Seu maior sucesso, Fim de Noite ( com Bôscoli), foi gravado primeiro pelo Coral de Ouro Preto e em seguida por Dóris Monteiro ( nos anos seguintes, teve inúmeras gravações). Sylvinha, como muitos sabem, transformou-se em uma das melhores cantoras que esse país ouviu ( "Dindi", cantada por ela, faz chover no Saara) em uma carreira permeada pelo bom repertório e gosto apurado, mas que foi prematuramente interrompida com sua morte em 1966, em acidente. Chico Feitosa continuou fazendo músicas, não tantas, mas manteve a qualidade de Fim de Noite em muitas delas, como "Passarinho" ( com Marcos Vasconcelos). Pra homenagear os dois, deixo pra vocês a íntegra do disco histórico " Bossa Nova at Carnegie Hall" de 1962, com participação de Chico Feitosa e estupenda gravação de Sylvinha para"Dindi"(1959).

https://www.youtube.com/watch?v=WWvYUpKhVd0

https://www.youtube.com/watch?v=n9cASS6BAOk


19 de maio de 2016

Quase 15 minutos de Lianne LaHavas no NPR Music Tiny Desk Concert


Descobri a Lianne LaHavas totalmente sem querer, quando fazia uma pesquisa jornalística sobre a agência de publicidade Havas. A seguir soube que ela abriu para o Coldplay na última turnê deles no Brasil e agora resolvi me aprofundar no seu som, pra ver qual é que é dessa menina que canta como as velhas divas do soul e ainda toca bem. Gostei do que ouvi, principalmente deste mini concerto para a série do selo NPR, o Tiny Desk Concert (vale muito a pena ouvir outras perfomances: http://www.npr.org/podcasts/510292/tiny-desk-concerts-video). Em quase 15 minutos, bem acompanhada, ela distribui sua voz suave e firme, de rouquidão natural, no ambiente mezzo livraria, mezzo sebo, quase fazendo com que os livros levitem a sua volta. 

18 de maio de 2016

Rua Lopes Chaves, 546: a casa do "colecionador" Mário de Andrade

Foto: MinC
 O sobrado da Rua Lopes Chaves, na Barra Funda ( pertinho do Memorial da América Latina) onde o escritor modernista Mário de Andrade morou por anos, reaberto desde maio do ano passado, mantém a exposição ( permanente) "A Morada do Coração Perdido", com curadoria do professor Carlos Augusto Calil. As estantes, os livros, os quadros, tudo está lá do jeito que estava nos tempos de Mário, morto há mais de 70 anos.


O sobrado virou "Oficina Cultural Casa de Mário de Andrade" e é uma ótima pedida para uma tour cultural. Ainda mais sabendo ( vejam o ótimo texto do curador, na matéria abaixo da Ilustríssima de 2015) que o escritor era antes de qualquer coisa, um colecionador nato - de livros, discos, gravuras, desenhos, quadros, manuscritos, etc - o que dá à visita um tempero todo especial e com jeito iconográfico, perscrutório, com ares de pesquisa, ou seja, com a cara e a alma de Mário de Andrade.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/05/1629184-a-morada-dos-afetos-casa-de-mario-de-andrade-e-reaberta.shtml

16 de maio de 2016

Cauby Peixoto ( 1931- 2016)..


Esse ano tá broca mesmo. Mais um ícone da música brasileira nos deixa: Cauby Peixoto, a VOZ, em plena turnê ao lado de sua amiga/irmã Ângela Maria. Apesar de seus 85 anos, ninguém esperava sua morte repentina, visto sua disposição recente em encarar o palco para brilhar mais uma vez ao lado de Ângela, em comemoração aos 60 anos de carreira de ambos. E essa atividade constante de Cauby se deve, além de sua vontade incomensurável pelo palco, ao desempenho implacável do produtor e amigo Thiago Marques Luiz, a quem tenho a honra de acompanhar o trabalho nas redes sociais. O último show foi no dia 03/05, e a voz maravilhosa ainda estava toda ali, e também o brilho da roupa, o charme, o apuro técnico. Cauby cantou até o fim e não estou falando de uma noite, mas da sua vida. Pensando bem, não há fim, pois gerações e gerações e gerações perpetuarão sua voz na cera, nos arquivos, nos vinis e compact discs. Cauby Peixoto é mito.

http://www.dicionariompb.com.br/cauby-peixoto

Participações de Cauby em filmes:

Com Jeito Vai (1957): https://www.youtube.com/watch?v=CAZeBXZREPI

Jamboree (1957): https://www.youtube.com/watch?v=bnAksVN7Ml4

Chico Fumaça (1957): https://www.youtube.com/watch?v=4KNYoaDQ_5Y

Metido a Bacana (1957): https://www.youtube.com/watch?v=MAcx0lVctH8

Com Água na Boca ( 1956) - https://www.youtube.com/watch?v=xxR3N0SVTMI




O acorde misterioso de A Hard Day's Night finalmente revelado?

Cena do filme A Hard Day's Night (1964)
Meu chapa Rick Berlitz viu e compartilhou. No post da sexta 13, no ótimo blog Sonoridades do Carlos de Oliveira, uma história intrigante e a muito tempo rondando pesquisadores e músicos por todo o globo voltou a tona, e desta vez, com evidências claríssimas que podem finalmente por um fim ao mistério: o obscuro acorde inicial da clássica A Hard Day's Night, uma das inúmeras obras primas dos Beatles. Quem cutucou fundo o assunto desta vez foi o guitarrista canadense Randy Bachman ( ex-Guess Who e fundador do BTO - Bachman-Turner Overdrive) que foi pessoalmente aos estúdios de Abbey Road encontrar Giles Martin, filho do chamado 5º Beatle George Martin, que toma conta simplesmente de TODAS as fitas masters do quinteto de Liverpool! Ao ser perguntado por Giles, o que gostaria de ouvir, Randy, sem pestanejar, pediu para ouvir o famoso acorde de A Hard Day's Night. Qual não foi sua surpresa quando o Giles teve que separar três fitas com os acordes das guitarras de George Harrison e John Lennon mais o baixo de Paul McCartney. Isso mesmo: o acorde impenetrável por décadas, estudado em universidades e discutido em palestras, na verdade é a soma de três acordes tocados juntos! Essa história, com riqueza de detalhes, está devidamente registrada no blog Sonoridades. Vale a pena ler de ponta a ponta. O mistério acabou! O mistério acabou?

http://cultura.estadao.com.br/blogs/sonoridades/um-acorde-magico-dos-beatles-revelado-depois-de-52-anos-de-misterios/

13 de maio de 2016

João Palma (1943-2016), baterista ícone da Bossa Nova

Foto: Celso Brando
Na segunda, 9, faleceu um dos maiores bateristas brasileiros de todos os tempos, João Palma. Esteve no nascer da Bossa Nova e tocou com muita gente em estúdio. Começou com Menescal aos 17 anos e até a metade da década de 60 foi requisitado por inúmeras gravadoras por conta de seu toque "sutil e sofisticado" que carimbava sua legitimidade bossanovista. Em 1965 virou membro fixo da banda de Sergio Mendes, a famosa Brasil'66, fazendo com que se fixasse nos EUA por anos. Lá, chegou a tocar com a banda de Frank Sinatra. Também esteve na ficha técnica de discos chaves de Tom Jobim, os americanos - Stone Flower (1970), Tide (1970) e Urubu (1975). Palma voltou à ativa há pouco tempo, tocando no redivivo Bottle's Bar, no novo Beco das Garrafas, que como muito bem lembrou o mestre Arnaldo DeSouteiro, foi o mesmíssimo local que em comecinho de carreira fez mesa e cama ao lado de Johnny Alf e Tião Neto. Aliás, o crítico, pesquisador, produtor e compositor DeSouteiros foi antes de tudo amigo de Palma, e escreveu um texto comovente e rico em detalhes sobre o baterista, logo que soube do ocorrido, na sua página do Facebook. Um texto que merece ser reproduzido aqui na íntegra, bem como o post do seu blog ( em inglês, no link abaixo).


http://jazzstation-oblogdearnaldodesouteiros.blogspot.com.br/2016/05/rip-joao-palma-1941-2016.html

Dia de extrema tristeza para mim, por múltiplos motivos contidos em um só: morreu João Palma. Morreu meu amigo, com quem convivi por 37 anos apesar do temperamento difícil, explosivo, de pavio curtíssimo. Morreu meu grande ídolo da bateria, com quem tive a honra de trabalhar em shows e gravações. Morreu, com ele, o que restava de um Brasil sutil, sofisticado, cosmopolita. O mesmo Brasil que Tom Jobim, João Gilberto e Luiz Bonfá também sonharam.
Nosso país deu ao mundo alguns dos maiores bateristas da história da música: Palma, Dom Um Romão, Edison Machado, Milton Banana, Airto Moreira, Helcio Milito e o único de uma geração posterior que absorveu o legado desses mestres,Zé Eduardo Nazario.
Cresci ouvindo todos eles em discos e ao vivo. Conheci pessoalmente todos eles. Milito e Banana frequentavam minha casa. Airto também, porque foi meu cunhado. Machado, conheci através de José Roberto Bertrami e assisti a seu emocionante último show (que foi no Vinicius Bar e não no People, como dizem os falsos pesquisadores). Trabalhei muito com Dom Um, gênio não só da bateria mas também da percussão, além de ser humano maravilhoso, de quem tenho infinita saudade.
Mas João Palma sempre foi meu predileto. Questão de gosto pessoal mesmo. Talvez por ser, na minha opinião, o mais "esteticamente completo" de todos, capaz de ir da mais sofisticada sutileza (que me fascinou, inicialmente, através dos LPs com Tom Jobim) ao galope incendiário igualmente presente, em doses certeiras, nos mesmos discos de Tom. Sempre perfeito, sempre de ataque certeiro.
A obra-prima "Stone Flower" ilustra isso perfeitamente: Palma vai do requinte minimalista de "Tereza, My Love" (era o único baterista que os maestros e produtores permitiam que iniciasse uma faixa dando uma "bumbada"!) ao vigor flamejante da faixa-título, empregado também em "The Mantiqueira Range" (do álbum "Matita Perê"), onde as chicotadas no prato de condução soam como tiros de caçadores numa floresta; passando pela condução jazzisticamente valseada de "Children's Games" (Chovendo Na Roseira) e pelo show de vassourinha na swingueira insuperável do samba "Brazil" (Aquarela do Brasil), talvez a faixa que mais ouvi em toda a minha vida, desde que comprei o primeiro exemplar de "Stone Flower" quando tinha 10 anos de idade.
Graças aos insondáveis mistérios do universo, do "tudão" (termo utilizado por outro João genial, o Gilberto), eu sempre vivi tão apaixonado por "Stone Flower" que acabei produzindo e/ou supervisionando e/ou escrevendo textos de encarte para diversas reedições em CD; inclusive a primeira no mercado americano. Quiseram os deuses que eu achasse as fitas originais de multi-track que estavam "perdidas" (sem identificação) no acervo da Sony/Epic, onde o acervo do selo CTI tinha ido parar por questões judiciais.
Fato que nos permitiu a ousadia de remixar o disco, me levando a descobrir que algumas faixas haviam sido encurtadas pelo engenheiro de som Rudy Van Gelder para não comprometerem a qualidade da prensagem, devido às limitações de tempo do vinil (o produtor Creed Taylor raramente deixava um "lado" ultrapassar 17 minutos). Assim me foi possível encerrar aquela maravilhosa "Aquarela" não aos 7m19s do LP, ceifando o balé do solo de Palma, mas aos 9m40s, alongando a faixa ao máximo e trazendo à tona, pela primeira vez, o improviso completo da bateria.
Conversando com Palma, descobri também que aquele havia sido um "take" de ensaio, bem à vontade, improvisado no estúdio por Jobim, Eumir Deodato (ambos tocando Fender Rhodes), Ron Carter no baixo, Palma na bateria, Airto (triângulo) e Everaldo Ferreira (caixinha de fósforo) na percussão. Mais intimista e espontâneo, impossível. Inicialmente, Creed Taylor não gostou muito. Achou a faixa longa demais. Pediu que um novo "take" fosse feito no dia seguinte, mais curto, mais compacto. Palma trocou as vassouras pelas baquetas. Deodato adicionou um arranjo para seção de cordas. Mas, na hora da mixagem, Creed mudou de idéia, optando pelo "take" original, sem cordas. O outro, que era pra ser o "oficial", foi arquivado e esquecido por todos. Menos por Palma. E por mim, que lembrei da história e não sosseguei até encontra-lo e inclui-lo no CD como bonus-track.
Por essas e outras, minhas conversas com Palma duravam horas. Era cultíssimo! Adorado por Claus Ogerman e Don Sebesky, a quem fui por ele apresentado. Quando me dava a honra de sua presença nas reuniões musicais que eu organizava, a "sessão" acabava girando em torno das gravações dele. Certa vez, num encontro ao qual estava presente Anna Carolina Albernaz, deixou a gravurista encantada ao narrar, em detalhes, a concepção de cada faixa que eu ia mostrando de seus discos com Paul Desmond, Astrud Gilberto, Michael Franks e tantos outros, durante o "terceiro set" de uma festa na qual estavam presentes também João Donato, Lisa Ono, Sergio Barroso e José Boto.
Em outra ocasião, me telefonou às 16hs perguntando se a festa estava confirmada para às 21hs. Eu respondi que sim, e ele emendou: "OK, então estou saindo agora". Naquela época, 1998, eu morava na Barra da Tijuca; ele, na Lagoa, perto do Corte de Cantagalo. Travou-se então o seguinte diálogo:
- Palma, você entendeu errado. A reunião só começa às 21hs.
- Eu sei, mas você acha que eu vou de táxi? Eu vou a pé, quero me exercitar!
E assim fez como bom andarilho, caminhando por dentro dos túneis e chegando pontualmente às 21hs, para espanto dos demais convivas. Nas mãos, um saquinho com chá preto, que eu sempre prazeirosamente preparava, porque ele já não mais tomava bebida alcoólica.
Nos vimos pela última vez em 25 de Dezembro de 2015, quando fui passar o Natal no Rio. Ele estava tocando no revitalizado Bottle's Bar, no Beco das Garrafas, onde tinha iniciado a carreira tocando em trio com Johnny Alf (piano) e Tião Neto (baixo). Senti que se fechava um ciclo. Foi o fim do roteiro trágico do herói.
Arnaldo DeSouteiro ( no Facebook)


12 de maio de 2016

"Doutor Bituca"

foto: Milton Nascimento
Essa é a foto postada pelo próprio no dia 07 deste mês na Universidade Berklee, em Boston (EUA): Milton Nascimento foi agraciado pela prestigiada instituição com o título de "doutor honoris causa" em música. No mesmo dia também receberam suas plaquinhas os grandes Ronald e Ernie Isley, do Isley Brothers. Pra se ter uma ideia do nível, entre vários artistas que receberam o prêmio em anos anteriores estão Aretha Franklin, Dizzy Gillespie, Quincy Jones, Duke Ellington ( o primeirão, em 1971) e Paco de Lucia. Milton "Bituca" Nascimento está radiante, como se vê na foto, e não é pra menos. Um orgulho! E com muito mérito!


11 de maio de 2016

Mais um "fim de ciclo" na Folha: Angeli se despede das tiras diárias na Ilustrada depois de 33 anos!

Foto: Folhapress (Eduardo Knapp)
Depois do triste fim da Folhinha, mais um clássico se despede da Folhona: Angeli encerrou sua participação diária na página de tiras de quadrinhos do caderno Ilustrada. Depois de 33 anos, a última tira assinada por Angeli no caderno saiu no domingo (08/05 - veja abaixo). O cartunista publica no jornal desde 1973, mas foi em 1975 que Hilde Weber, ex- mulher do diretor de redação Claudio Abramo, indicou-o para cartunista fixo do veículo. Iniciou sua famosa série "Chiclete com Banana" no suplemento "Folhetim", que depois foi deslocada para a Ilustrada em 1983. Foram mais de 9.000 tiras desde então, com tipos criados na sua prancheta que povoaram o imaginário de várias gerações de leitores  - Bob Cuspe, MeiaOito, Rê Bordosa, Skrotinhos, entre tantos - e se tornaram ícones da nossa HQ. Angeli continua com sua charge duas vezes por semana na página 2 e com tiras na seção "Quadrão" da Ilustrada, às segundas ( com os velhos amigos Laerte e Luis Gê e Rafael Coutinho, filho de Laerte). Ainda veremos Angeli na Folhona, mas um ciclo - e que ciclo - chegou ao fim nesse 08/05/2016.
Em matéria do dia 08 na própria Ilustrada, o cartunista explicou o porque de sua decisão: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/05/1768276-apos-33-anos-angeli-despede-se-das-tirinhas-diarias-na-ilustrada.shtml

A primeira tira na Ilustrada, em 06/01/1983
A última tira na Ilustrada ( 08/05/2016)

10 de maio de 2016

Umberto Magnani (1940-2016)

Poxa vida... eu acompanhei de perto a primeira fase da novela "Velho Chico", não tanto pela história ( embora respeite o Benedito Ruy Barbosa), mas de ouvido bem aberto na trilha sonora maravilhosa ( com Xangai, Ednardo, Geraldo Azevedo, Elomar, Vital Farias, Caetano Veloso, Maria Bethânia, etc) e estava até gostando de algumas interpretações. Quando passou pela outra fase, detestei quase tudo e acabei largando mão, mas comentei em casa que um dos personagens que mais se destacara e talvez por isso continuava na segunda fase era o padre feito pelo grande Umberto Magnani. Até que ele sumiu de repente e chamaram as pressas outro padre de outro paróquia, interpretado pelo Carlos Vereza ( de quem gosto muito também) e eu achei estranhíssimo. Ontem, infelizmente, soube do porque dessa troca de padre: Magnani passou mal nas gravações do dia 25/04 e veio a falecer logo depois. Uma perda lastimável, pra novela, pra legião de amigos do ator ( pelo que se sabe ele era gentil e boníssimo como poucos) e pra dramaturgia brasileira. Umberto era aquela formiguinha que vai caminhando pela beirada e de repente está encantando a história toda. Um ator comovente que passou por centenas de trabalhos em 50 anos de carreira, principalmente no teatro e TV!
Poxa vida ( de novo)...agora é que eu não assisto mais essa novela mesmo!

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/04/morre-o-ator-umberto-magnani-o-padre-romao-de-velho-chico.html

9 de maio de 2016

Baú do Malu 63 : Desenhocop

Esse engenhoso "Desenhocop" não é do meu baú na verdade - foi descoberto no meio do material escolar antigo da minha esposa. Era uma publicação que já se mostrava uma evolução considerável do antigo método "fundo de vidraça da janela", que consistia em copiar mapas ou ilustrações colocando a página que seria copiada diretamente no vidro da janela com o papel vegetal. O Desenhocop inovou ao exibir as ilustrações já impressas no papel vegetal, embora ainda desse trabalho, pois era preciso contornar os desenhos direto do página  e depois repassar os traços marcados com lápis. Pra quem era da época, essa técnica era de ponta! A princípio, calculei que essa edição fosse do início dos anos 80, pois foi usada pela minha esposa no ginásio. Mas depois que amigos me avisaram que usaram o Desenhocop com essa mesma capa do Pedro Álvares Cabral e mesmo miolo lá nos anos 60/70, e há a probabilidade desta edição ter pertencido ao meu cunhado nascido no início dos anos 60, deixo em dúvida a época exata de sua publicação.





6 de maio de 2016

Foto do Mês: "Índio no Rio Xingu", de Ricardo Stuckert


Essa obra de arte acima é a foto do fotógrafo brasileiro Ricardo Stuckert que venceu o prêmio Oman 1º Internacional Photography Circuit. O indio semidescoberto pelas águas do Rio Xingu competiu com outras 1885 imagens e acabou levando medalha de ouro na categoria "Muscat - Pessoas".
Adorei..por isso vira desde já foto do mês.

5 de maio de 2016

O Maior Festival de Todos os Tempos?


Quando o amigo Renato Frigo postou na internet eu achei que fosse fake. Afinal, juntar "esses extraordinários" ( leiam o "esses" com ênfase) do rock em um só evento é quase uma realidade paralela: Rolling Stones, The Who, Paul McCartney, Neil Young, Bob Dylan e Roger Waters! E se os preços dos ingresso forem consultados, não estão nada estratosféricos - alguns artistas menos cotados andam cobrando bem mais por aí. Não sei se pela expressividade e histórico dos participantes esse evento pode desde já ser considerado o maior de todos, mas o fato é que em outubro de 2016, esse dito festival de três dias na Califórnia/EUA, que nem nome tem ( alguém viu o nome?) certamente entrará para a História por ter juntado uns carinhas que simplesmente mudaram o rumo do rock ( e até das coisas) nos anos 60/70.
Ah, o festival chama Desert Trip. Vi quando procurei este vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=wtGQfzDbEGY

4 de maio de 2016

Prince (1958-2016), Fernando Faro (1927-2016) e Billy Paul: grandes que se vão...


O genial Prince faleceu no dia 21/04. Mesmo quem não curte tanto o som do Prince, não pode tirá-lo do panteão dos gênios. Ele chegou chegando no final dos anos 70 e causou espanto até em veteranos da música negra - quem era aquele pequeno guitarrista que misturava vários estilos dentro da música negra ( principalmente eletrônica com soul, funk e rock) e exagerava propositalmente nas letras erotizadas, além de ter um estilo todo dele? Prince não vendeu nada do primeiro disco, mas deixou muitos com a pulga atrás da orelha. Comparam-no com Stevie Wonder em um primeiro momento. Até os anos 80, Prince foi se impondo, chegando nas paradas ( já em 1980) até chegar no seu ápice chamado "Purple Rain", que o eternizou imediatamente. A partir daí, ele pode experimentar pra valer - e era isso mesmo que mais ele gostava de fazer - em estúdio, na formação de sua banda, na produção de outros artistas, em parcerias várias com outros colegas da música, em suas roupas, nos shows. Começou a lançar disco quando bem entendesse, mudou o nome para algo impronunciável por um bom tempo e nunca, mas nunca mesmo, descansou sobre os louros. Eu pessoalmente, caindo para o lado dos discos, curti profundamente o duplo "Sign O the Times (1987), um projeto que nunca foi bem entendido pelo público ou crítica, mas que eu considero um petardo na linha de "Sargent Pepers" ( e seu Revolver seria "Around the World in a Day" de 1985) ou "Warehouse- Songs and Stories", do Husker Dü ( também de 1987). Irrequieto, criativo e um tanto excêntrico, como todos os geniais, Prince marcou a música negra para sempre e muitos o colocam no topo da música pop junto a Michael Jackson ( ok, ok, mas a comparação é meio desnecessária, já que Prince era instrumentista nato e muito mais independente em experiências de estúdio e composições, enquanto Michael por sua vez era dançarino nato e sempre se cercou dos melhores em estúdio, além de vender mais que Prince. Empate, portanto). Sua morte foi misteriosa como tudo na sua vida e o pós-morte virou um montanha russa de novidades, lendas, especulações e surpresas - já apareceram na imprensa, entre outras bombas: vício de analgésico forte; dias sem dormir antes da morte; possível vício em cocaína; doença muito grave que ele escondeu, sete herdeiros em torno da herança, cofre com centenas de músicas inéditas na sua mansão e a mais polêmica - a acusação de Sinead O'Connor de que o humorista Arsênio Hall seria o fornecedor de drogas pesadas do músico (!!). Nada mais Prince do que isso.
O certo é que Kid of Minneapolis" foi embora cedo e sua música levará anos e anos para ser estudada e compreendida em sua essência.


Fernando Faro (1927-2016) - Esse também foi gênio, mas viveu em um mundo completamente díspare do de Prince, um mundo discreto, mais lento e sutil. Faro revolucionou o jeito de se fazer música gravada em estúdio de TV ( ou ao vivo em estúdio) quando resolveu deixar em off o áudio do entrevistador ( no caso ele) e destacar por completo o foco do programa: o entrevistado. Com essas respirações e silêncios intercalando tudo, seu programa "Ensaio" ( e antes MPB Especial), anos e anos na TV Cultura, trouxe ao telespectador ângulos diferentes, closes no suór e poros das faces dos músicos, dedilhados detalhados e veias das mãos dos instrumentistas, tudo embalado com a mais fina música do planeta - a nossa. Era chamado de Baixo e chamava todos os outros seres de Baixo também - mas como foi grande esse Fernando Faro! (25/04)


Billy Paul (1934-2016) - Assim como Faro, Billy Paul, ícone do soul, também viveu bastante - mais de 80 anos. De voz forte, grave, inconfundível, começou na música em apresentações de jazz em clubes, ao lado de "monstros" como Charlie Parker, Miles Davis, Nina Simone, entre outros. A música que virou carimbo na sua vida e o marcou para sempre, sem dúvida é " Me and Mrs Jones" de 1972, mas Billy fez muito pela música negra e o rythm and blues moderno, chegando inclusive a gravar músicas mais sociais e politizadas que acabaram prejudicando de certa forma alguns momentos de sua carreira por conta do radicalismo em algumas gamas da sociedade americana. Billy Paul, guerreiro da soul music, continuou firme, sempre à frente. ( em 24/04)

Links:

Momentos/Prince 1: http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2016/04/relembre-10-momentos-que-marcaram-a-carreira-de-prince-5783853.html

Momentos Prince II: http://whiplash.net/materias/melhores/242070-prince.html

Prince por Alexandre Mathias: http://matias.blogosfera.uol.com.br/2016/04/21/mais-do-que-genio-musical-prince-era-um-artista-completo/

Prince e Billy Paul: http://www.cartacapital.com.br/cultura/bravo/negro-e-purpura

Fernando Faro ( documentário): https://www.youtube.com/watch?v=oHtZ8dtOQT0 (parte 1)
                                                 
                                                    https://www.youtube.com/watch?v=qe--WK9syA4 (parte 2)

                                                    https://www.youtube.com/watch?v=Vud1wSt3754  (Faro, o show)

3 de maio de 2016

Expressividade em cena




A "The Royal Ocean Film Society" compilou em um vídeo, em sua série "The Language of Cinema" , trechos de filmes clássicos só com closes de expressões marcantes dos atores, chamando-o de " Very Face Tells a Story" . O efeito final dessa seleção é impressionante, pois capta com mais força ainda o momento da atuação e sua importância crucial para a narrativa da história. Caras, bocas, olhares, explosões emocionais, êxtase, felicidade, flerte, emoções em sua mais pura essência. "Cada rosto conta uma história". Vale a pena ver. ( dica do Portfolio Lovers).

https://vimeo.com/159570352 

2 de maio de 2016

Os Trens na História ( livros da Editora UNESP)


Dica valiosa da Revista Publicittá: a Editora UNESP, em comemoração ao primeiro trecho de ferrovia inaugurado no Brasil ( 30/04/1854), resgata de seu acervo quatro publicações indispensáveis para se conhecer a saga dos pioneiros ferroviários no país e a importância das ferrovias para o crescimento das cidades. A média dos preços dos livros está em R$50,00, mas a média de páginas, 250, também é de se contar.