30 de junho de 2017

Show histórico no Sesc Vila Mariana (SP): Jards Macalé, Zé Renato, Moacyr Luz e Guinga (25/06)


Antes que acabe o mês quero deixar registrado aqui um dos shows mais intensos que vi na minha vida: o maravilhoso "Dobrando a Carioca", projeto que já rola desde o ano passado e que conta com Jards Macalé, Zé Renato, Moacyr Luz e Guinga, quatro excepcionais músicos juntos no palco, se divertindo e emocionando. Na real, a ideia do espetáculo - que gerou CD e DVD - nasceu nas mesas do centenário Bar do Luiz, no Centro do Rio há dezessete anos e finalmente deu jogo no final de 2016. Fui com a family no show da turnê que rolou no Teatro do Sesc Vila Mariana no dia 25/06 e logo de cara encontrei amigos que não via há anos: Vanderlei Sanches e Mario Viana, dois grandes caras que conheci nos tempos da Abril ainda na marginal Tietê, amigos em comum de Ana Vidotti, minha "eterna e querida chefe". A noite prometia! O show foi um arraso: o lado hilário e percussivo de Jards ( o grito do Tarzan e os recados à Brasília são os pontos altos), a delicadeza e emotividade do vocal de Zé Renato, a profundidade e reverência carioca de Moacyr Luz e a engenhosidade e destreza de Guinga nas cordas deram ao espetáculo uma luminosidade única. O repertório repassa grandes clássicos e algumas peças bem pesquisadas do cancioneiro carioca entremeadas por canções autorais: "Um a Zero" ( Pixinguinha/ Benedito Lacerda/ Nelson Angelo), "A Saudade Mata a Gente" (Antonio Almeida/João de Barro), "Acertei no Milhar" (Wilson Batista/Geraldo Pereira), "Nega Dina" ( Zé Keti), "Favela" ( Padeirinho/Jorge Pessanha), "Vapor Barato" ( Jards Macalé/ Wally Salomão), "Chá de Panela" ( Guinga/ Aldir Blanc), "Anjo da Velha Guarda" ( Moacyr Luz/ Aldir Blanc), "Catavento e Girassol" ( Guinga/ Aldir Blanc), "Toada" (Zé Renato/ Claudio Nucci/Juca Filho), entre outras. Em todo o momento, percebia-se na plateia que os quatro curtem pacas e há uma flagrante admiração mútua. A percussão muito bem planejada ( destaque para o grande penico branco em meio às traquitanas de Jards), os vocais sempre bem colocados ( destaque para o fora de série Zé Renato) e os violões muito bem conduzidos ( sem dúvida nenhuma em se tratando de quatro ases das cordas. Neste quesito, Guinga é fora-de série). Histórico!





As faixas do CD, aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=yfDWW7QR0GQ&list=PLjMk_448Pd1OAX9zr_AFHQ3yLHhYGhefZ

29 de junho de 2017

Literatura e declamação na Biblioteca Paul Harris para o 6º Ano do Externato Santo Antonio ( SCS)


A Ana Maria Guimarães Rocha, responsável pelas bibliotecas municipais de São Caetano do Sul/SP e presidente da Academia Popular de Letras, me convidou mais uma vez para participar de seus substanciosos eventos junto à educação, e na terça última fui ajudá-la em uma apresentação junto ao tradicional Externato Santo Antonio, estabelecimento de ensino com quase um século na cidade. Escolhi uma poesia do meu livro "Aura de Heróis" (2014), chamada "Mudar", justamente por achar que tanto o momento por que passa o país como o próprio momento de vida em que os alunos do 6º ano se encontram, chamassem para uma reflexão mais atenta. Foi uma tarde bem enriquecedora, com uma turma de alunos muito curiosa e educada.
Abaixo, colei a poesia que foi recitada. Na sequência, as fotos do encontro ( tiradas pela equipe da Biblioteca Paul Harris - Cláudio, Carlos e Marina) e a fachada externa do Externato Santo Antonio em São Caetano do Sul, com seu mural de azulejos que embeleza há mais de 50 anos a cidade ( foi tombado? Se não foi, merece).

Mudar


Mudar:
Seja mudança de caminhão
Ou esperança no caminho.
Mudar sempre:
De mão, de mansinho,
De muda para árvore
De moda para moda,
Mas nunca morrer na poda!
Tentar mudar o mundo
Pois mesmo que o mundo não mude
Valeu a atitude!
  Até mudar de altitude se o caso for
Nunca ficar pra baixo, só pra cima
Pois acima de nós só o Senhor.
Mudar de trampo, mudar de rima
Sempre em clima de paz e amor.
Muda ou ensurdecedora
Que toda a mudança vindoura
Possa nos elevar do chão.
Sempre Elis, Nara, Cássia,Tim,Tom
Sempre força, raça e paixão.
Mudar de pouco em pouco ou à beça
Não interessa
Mudar é sempre bom!
Depressa, a vida nos atravessa
Mas fica o dom.


(11/10/2004)


Com a professora Andrea Sartori e Ana Maria Guimarães Rocha
Com a professora Carina Garcia e os alunos contemplados com o livro "Aura de Heróis"



27 de junho de 2017

Foto do mês: Festival de Bossa Nova na Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro ( 20/05/1960)

Esta preciosidade de imagem me chegou a pouco pelo correio e traz simplesmente aquele que é considerado o primeiro festival de bossa nova. O show, conhecido como "Noite do Amor, do Sorriso e da Flor, não foi o primeiro evento com o estilo musical, mas nesse formato festival, com  plateia e produção mais profissional, sim. O show rolou na noite de 20/05/1960 no anfiteatro da Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro e contou com dezenas de artistas - Nara Leão, Nana Caymmi, Chico Feitosa, Dori Caymmi, Johnny Alf, Sergio Ricardo, Norma Bengell, os Cariocas, Elza Soares, entre outros, com João Gilberto, que acabara de lançar LP homônimo fechando a noite - e apresentando ao público sua esposa Astrud. O conjunto que acompanhou todos eles, formado por Roberto Menescal ( guitarra), Luiz Carlos Vinhas ( piano), Luiz Paulo ( baixo), Helcio Milito ( bateria e tambas) e Bebeto ( sax), aparece na foto acima, mas conforme legenda do verso, com a presença de Bill Horne ( trompa) e sem Bebeto e Milito. A imagem não é nítida, mas Bebeto e Milito pareciam, em uma primeira olhada, estar ao lado de Horne ( na ponta direita). Mas observando com mais nitidez, há um instrumentista à direita na foto, quase todo encoberto, do lado esquerdo de Horne, e que pode ser Bebeto, visto o instrumento de sopro na mão. Ruy Castro viu essa foto e observou que os dois elementos entre Menescal e Horne não estão com o mesmo "uniforme" claro da banda, o que os descartariam como integrantes. A simples menção do trompetista americano Bill Horne neste evento merece registro pois na historiografia sobre o festival nunca se escreveu sobre sua participação, embora ele fosse radicado no Rio e já na época, bem enturmado com a turma da bossa nova. Vale lembrar também que outro festival de bossa, organizado por Carlos Lyra, rolou no mesmo fim de semana - Lyra, cada vez mais politizado, estava brigado com Bôscoli - com menos repercussão. Abaixo, a legenda, tal qual se encontra no verso da foto. ( ah, e quem souber do crédito desta imagem, por favor, escreva para cá)



21 de junho de 2017

Doodle: Machado de Assis, 178 anos


Machado de Assis, nosso escritor maior e um dos mais importantes autores da língua portuguesa em todos os tempos, celebra 178 anos de nascimento hoje e o Google aproveitou para registrar a data com uma artística homenagem em forma de Doodle ( arte original ou animação que entra na logotipia do site - na página inicial de buscas - em datas especiais e/ou comemorativas). A arte - finalmente vou registrar aqui quem fez a arte! - é do artista Pedro Vergani, autor junto a Diogo Bercito do álbum "Rasga-Mortalhas" ( Zarabatana - 2016) , uma das melhores obras de quadrinhos lançadas no Brasil  ano passado. Vergani mora em Londres e já fez de tudo um pouco no campo da arte: ilustração, fundo para cenário de videogame, animação ( foi o responsável pelo design de cores da animação "Song of the Sea", indicada para o Oscar). Pelo que apurei, ele trabalha para o Google, o que faz supor que boa parte dos Doodles nacionais tem a mão dele. Ponto para o Google.




18 de junho de 2017

Jazzmasters - todos os programas!

Um dos programas mais independentes e certeiros da rádio brasileira, sem dúvida, é o Jazzmasters!
Focado em todas as vertentes do jazz e da música negra mundial - soul, funk, r&b, acid jazz, house music, entre outros grooves - é apresentado por Paulo Mai e Dudão Melo diariamente ( domingo à sexta 20h30 e sábados 20h) nas ondas da Alpha FM (101.7). Desde 2014 na Alpha FM, o Jazzmasters era transmitido anteriormente pela Eldorado FM, sempre nos mesmos moldes. Conheci o programa através do meu amigo Rogério Engelmann ( colaborador deste blog) e desde então acompanho frequentemente. O grande diferencial do programa é a sua pesquisa/programação, que evita obviedades e mistura o melhor da música black contemporânea com standards e clássicos - e também lados B - de grandes inovadores desse extenso universo do groove. No endereço abaixo, todas as edições produzidas na Alpha FM estão disponíveis!

http://www.alphafm.com.br/programas/jazzmasters/programas-completos



14 de junho de 2017

Adam West (1928-2017)

Adam West foi o Batman mais divertido, mais real, mais "tosco", mais "onomatopéico"! Se alguém duvida, assista por favor a série televisiva dos anos 60 que fez do ator um ícone nerd para todo o sempre. Quando a série foi lançada, os quadrinhos da DC estavam longe, muito longe dos primeiros tempos do Batman - época mais sinistra e violenta nos traços dos pioneiros Bob Kane, Bill Finger e Jerry Robinson. Tanto Batman como Super-Homem exibiam em seus gibis sessentistas histórias mais politicamente corretas e lúdicas. Os produtores da TV seguiram essa linha, mas alguns detalhes essenciais extrapolaram os quadrinhos e acabaram levando o programa a um sucesso exponencial e duradouro: cores vivas e cenários pops, vilões psicodélicos e teatrais, atrizes que mostravam para a molecada que mulheres podiam ser estonteantes tanto do lado bom como do lado mau da força, Batman e Robin com tiradas e frases inesquecíveis,  Batmóvel com design caprichado, lutas com mais "socs", "pows" e "tuns" que quaisquer outras até então, trilha sonora deliciosa, e o principal: divertimento puro, sem a preocupação de se levar tão a sério. Com esses ingredientes, Adam West virou um Batman único, com um ar de pureza e decadência, heroísmo e fragilidade, ironia e caretice. Um Batman para sempre, que ele acabou carregando durante toda a sua vida.


https://www.youtube.com/watch?v=DSF6vuqIA8E&list=PLFjRhPrHHAwNLmwiZXKlUrpPrXq56y676

6 de junho de 2017

Capa do Mês: Dust & Grooves - Eilon Paz

Esta capa é magnífica e dá uma amostra das maravilhas internas que esperam o leitor deste Dust & Grooves, do fotógrafo Eilon Paz, especialista em fotografar os colecionadores de discos de vinil em seus habitats naturais ( quartos, salas de sons, porões, etc). O livrão ( são mais de 400 páginas) traz os ensaios fotográficos de Eilon com colecionadores do mundo todo e também uma segunda parte com as entrevistas mais relevantes. O projeto foi lançado em 2014 e bem que merecia sair aqui no Brasil, não acham? o Poeira Zine fez um post a respeito e o site De Volta para o Vinil ( ótimo, por sinal!) destrinchou a obra ( abaixo). Quem quiser conhecer mais sobre  arte de Eilon, tem também seu blog, também batizado de Dust & Grooves.

http://www.poeirazine.com.br/os-colecionadores-e-as-suas-colecoes/

http://www.devoltaparaovinil.com.br/2014/06/eilon-paz-dust-groove-fotografo-vinis.html

http://dustandgrooves.com/


2 de junho de 2017

A última edição impressa da Gazeta do Povo pelas lentes de Daniel Castellano

Fotos Daniel Castellano

Essa infelizmente é uma cena que vem se repetindo cada vez mais nos últimos anos: a extinção de jornais impressos de grande tradição ( como é o caso da Gazeta do Povo de Curitiba-PR com quase 100 anos), geralmente para a manutenção exclusiva da edição online ou em alguns casos nem isso. A morte da Gazeta do Povo já vinha sendo anunciada há um bom tempo, mas o dia D é sempre um momento triste e desolador. Que o digam esses profissionais gráficos que imprimiram a última edição madrugada adentro. E que o diga o fotógrafo Daniel Castellano, que mesmo sendo demitido há um mês pelo jornal, depois de 10 anos de casa, resolveu acompanhar de perto esse momento derradeiro do veículo, numa iniciativa dolorosa mas que certamente se tornará histórica. A série pode ser conferida acima.
(quem publicou primeiro aliás, foi o prof. Aroldo Murá no Diário Indústria e Comércio) - http://www.diarioinduscom.com/historica-a-ultima-impressao-da-gazeta-do-povo-por-castellano/

1 de junho de 2017

Invenção 67: concertos de discos "cinquentões" no Centro Cultural São Paulo


Essa é mais uma dica saborosa e substanciosa do amigo João Antonio Buhrer que eu pesquei do FB: o Centro Cultural São Paulo abre o mês de junho com o "Invenção 67", um projeto muito bem-vindo que remete às pioneiras audições ministradas pela primeira diretora da discoteca do centro, Oneyda Alvarenga, nos idos dos anos 30/40/50 ( discoteca que leva hoje o seu nome). Os concertos atuais focam durante o mês todo (todas as terças e quintas,  a partir de 06/06) em discos icônicos lançados no ano de 1967, ou seja, há cinquenta anos atrás, trazendo audições e subsequentes comentários mediados por jornalistas especializados. Um ótimo programa que eu não perco nem por decreto - ainda mais neste ano, em que eu também completo 50 anos!
Abaixo, a íntegra da programação:


De 6 a 29/6
CONCERTOS DE DISCOS
O Invenção 67 ressuscita os célebres Concertos de Discos, que a primeira diretora da Discoteca do Centro Cultural São Paulo, Oneyda Alvarenga, ministrou entre 1938 e 1958. Os Concertos de Discos voltam focados em música popular e realizados na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, convidando o público a uma audição comentada. Programe-se: as audições são limitadas a 30 pessoas. Todos os concertos começam pontualmente às 18h30.

6/6 terça
Pai e filho, Maurício Pereira (Os Mulheres Negras) e Tim Bernardes (O Trio) falam sobre o clássico dos Beatles: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.
8/6 quinta
O crítico e músico Alex Antunes (Akira S, Shiva Las Vegas) trata do disco de estreia do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn.
13/6 terça
O músico e historiador Cacá Machado analisa Tom Jobim – Wave, parceria entre Antonio Carlos Jobim & Francis Albert Sinatra que marcou a inserção da bossa nova no contexto internacional.
15/6 quinta
O jornalista Jotabê Medeiros mergulha no álbum de estreia da banda The Doors, que juntou de modo dramático jazz, blues, lisergia e poesia.
20/6 terça
Especialista em hip hop, soul e funk, a jornalista Mayra Maldjian analisa I Never Loved a Man the Way I Love You, turning point na carreira de Aretha Franklin – e do rythmn’n’blues.
22/6 quinta
Músico e jornalista, Rodrigo Carneiro (Mickey Junkies) surfa em Are You Experienced?, disco em que estreou a banda Experience, de certo guitarrista canhoto chamado Jimi Hendrix.
27/6 terça
Guitarrista e vocalista da banda Autoramas, Gabriel Thomaz entra Em Ritmo de Aventura para falar do clássico de Roberto Carlos.
29/6 quinta
O jornalista e editor da revista Bravo!, Guilherme Werneck, trata de The Velvet Underground & Nico, o disco que lançou a banda de Lou Reed – e também as bases do punk.
Todos os eventos são gratuitos.

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO
Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, estação de metrô Vergueiro. Tel: (11) 3397-4002. Acesso para deficientes físicos. Dispõe de restaurante e café; não dispõe de estacionamento ou local para fumantes. Mais infos: www.centrocultural.sp.g ov.br